A minha nonna está para morrer, e a sensação de impotência é muito grande, não que ela tenha sido a melhor avó do mundo, muito pelo contrário, mas uma vida é sempre uma vida, e ver toda essa situação e não poder fazer nada é uma das piores sensações do mundo.
Quando o meu nonno se foi eu era ainda relativamente jovem, quer dizer, 19 anos não é exatamente jovem, a gente tem noção das coisas, mas a nossa cabeça está em outro mundo, faculdade, primeiro emprego, a gente não sabe realmente a importância das coisas, e no caso dele, bom... foi gradativo, a gente sabia que ia acontecer, mas mesmo assim estávamos tentando... Agora com 27 anos e uma idéia louca de que a minha avó viveria pelo menos mais uns 10 anos (porque a bichinha é ruim kkkkkk) e com tudo acontecendo tão rápido, a sensação é outra.
Eu nunca morri de amores por ela, e ela nunca morreu de amores por ninguém além do dinheiro e do Silvio Santos, mas existiram momentos que ficam na memória da gente e que acaba mexendo com a gente nesse momento.
Eu me lembro de uma vez que fui até a casa dela e meio que forcei ela a ir comigo em um clube para se exercitar, só tinha eu de criança no meio dos velhos, mas eu não ligava, porque no fim eu queria ela saudável, por mais que ela me maltratasse, ela era a minha avó, e é muito triste ver tudo isso acontecendo e simplesmente só esperar o fim.
É terrível, porque por mais que eu não me importe, no fundo eu me importo, e saber que muito do que está acontecendo é por ganância e por descuido tanto profissional quanto familiar, me deixa muito brava.
Tive que tomar um anti-ácido porque o estômago está queimando com tudo isso, plena quarentena, o serviço e a faculdade tacando coisa adoidado pra cima da gente, como quem diz "sem tempo irmão", não importa que o mundo está caótico, temos que correr pra não ficarmos atrasados, temos que cumprir metas!!
E ainda mais essa situação tão estressante e triste...
É 2020, você veio pra lascar mesmo, eu só espero que depois dessa tempestade louca venha uma bela calmaria!!
Agora vou tentar dormir, porque amanhã tem mais.
Jessica Curto
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