De repente vomito palavras
Saem numa torrente veloz
Como anseio de jovem
Necessidade de externalizar tudo
Que não foi deglutido.
E este lirismo, repetitivo e sonolento,
Revela-se incapaz de revelar
A mística das ideias
Que se formam na mente sem palavras.
Por que cheira a trevas
Tempos tão abastados?
Porque não fazer o poema
que resgata todas as coisas
e instaura a harmonia das horas
perfeitas? Não me é possível, meu
caro ou minha cara que me lê (e demais gêneros).
A consciência diz que
evitar o sofrimento é desistir do jogo.
É preciso recriar sentidos,
repassar valores, estabelecer metas,
reapropriar o ser da capacidade
emancipadora de fazer com gosto.
O orgulho e a segurança
De fazer aquilo que deve ser feito.
De repente vomito palavras
Porque são de tempo distante,
Porque não encontram
representação na realidade,
como diria Wittgenstein.
Rafael Cardoso
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