Bordoadas protocolares
Levam um sujeito à concordata?
Conhecer as gerências do pensamento
Não resolve a incompetência
do coração.
O coração e o seu embate com os procedimentos operacionais.
O sistema está fora do ar,
O desejo de ser, fora de meus pés,
Saudades da endorfina, essa
deusa dos neurônios febris.
Hoje ausente em instrumentos normativos.
Estou em débito com os auditores
da moral, perdi o documento,
perdi a gestão do meu
contrato de vida.
Além dos pedidos de serviço,
dos recados a serem respondidos,
dos chamados dos homens no balcão,
ficou pendente também
algo que fica lá dentro,
algo que deixa o Sol mais claro
E o Metrô menos cheio. Algo em
Que não sei mais se creio.
O Natal chega e as pessoas felizes,
Eu espero por oito horas de sono.
Sentir em mim
Toda a ambivalência
Da escolha segura
E voltar pra casa
Outra vez macambúzio...
Que experiência profunda,
Que experiência terrível,
terrível e silenciosa.
Na curva do espaço,
O tempo se distorce
E vira mistério saber:
Saber o quê, para quem
E para quando.
Interligado a um sem fim de lugares,
Meu corpo sem alma
perde a referência
com que julga
As coisas e as palavras.
Rafael Cardoso
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