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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Memória Escrita VI




Numa cidade qualquer, 02 de junho de 2001

A música ao fundo embala os casais apaixonados, mas provoca em meu ser uma reação estranha. Essa lua cheia, esse vinho... acho tudo romântico demais, porém não aprecio esse clima. Eu estou aqui, te esperando com esse vestido longo e vermelho no canto mais sombrio do salão. Eu não quero dançar, eu não quero conversas, eu não quero dinheiro, eu não quero nada. Nem mesmo você me chama atenção, porém sinto a necessidade de alguém. Eu quero um corpo que me esquente, não importa a beleza, não importa a posição social. Eu quero ser embalada como um presente, valorizada como o vinho da melhor safra.
E é nesse tempo que vejo você se aproximando. Você está enfiado em um terno cafona, um penteado brega e um sorriso estúpido na cara, contudo tenho vontade de me aproximar, envolver-me em seus braços e deixar a noite acontecer. Eu não tenho pudor, eu não tenho medo. Eu só quero um corpo que me esquente. Eu resolvi sair do inferno por isso, afinal lá estava frio demais.
E é nessa noite enluarada, do lado de fora do salão e no meio da grama que te chamo para sentires a noite mais prazerosa de tua vida. Tudo isso porque cansei dos mortos e agora quero acalentar-me nos braços de um vivo. Você talvez não me mereça, mas o que isso importa afinal?
Agora pararei de falar e vamos ao que interessa...

Iphtriz 

Lucas de Figueiredo

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