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sábado, 6 de agosto de 2011

Feitos um para o outro

Os olhos de um castanho azulado mostravam o quanto ele estava confuso com a situação que nunca vira antes ocorrer. Não imaginava que seria daquela forma, e muito menos com ela, uma versão totalmente oposta do desejado.
Sua total grandeza agora parecia se resumir em pequenos pedaços de seu ser, sempre desejou que aquilo ocorresse, mas nunca conseguiu imaginar como o seria, e finalmente, quando menos esperou seu desejo se tornou realidade.
Estava apaixonado, completamente apaixonado, sentia seu coração palpitar forte no peito, as mãos suarem e o ar lhe faltar enquanto tentava, através de muito esforço e engasgos, falar.
Queria apenas falar, antes parecia tão fácil, horas a fio, mas agora parecia ser a coisa mais complicada do mundo, estava se atrapalhando todo e pagando o maior mico do universo, não conseguia controlar seu nervosismo.
Ela era única, não tinha nada de especial e no entanto, tinha tudo.
Sempre idealizou a mulher perfeita, mas nunca se completou com tais mulheres, e ela, ali, na sua pequena humildade lhe satisfazia e completava totalmente.
Não conseguia entender porque aquilo ocorrera, e muito menos como ocorrera, em um minuto tudo estava normal, no minuto seguinte os olhos castanhos, o cabelo igualmente cor de chocolate, as bochechas rosadas e macias, o corpo rechonchudo... Tudo parecia mais bonito e muito mais irreal.
Mas por quê? Por quê logo com ela, que parecia ser tão impossível?
A amizade deles era forte, mas será que ela o via com os mesmos olhos? As longas horas de conversas e idéias por um acaso conseguiram mexer com ela como mexeram com ele?
Talvez por não saber estivesse tão nervoso, afinal, tudo o que mais queria esse tempo todo, o sentimento que mais desejara finalmente se concretizou, mas e se ele tivesse se concretizado com a pessoa errada?
E se ele sofrera o azar de muitos de se apaixonar e não ser retribuído? Estaria sofrendo a primeira grande desilusão de sua vida, afinal?
Passava as mãos apressadamente pelos cabelos, deixando-os mais bagunçados que o normal.
Pigarreou nervoso, os olhos atentos nos movimentos dela, totalmente opostos dos dele, delicados e surreais.
Ela gargalhava com as piadas que ouvia ao redor dos amigos, mas não percebera o quanto era observada até uma de suas amigas lhe cochichar no ouvido o quanto estava achando o dito feito estranho naquele dia.
Então seu rosto rechonchudo corou com um vermelho intenso e sugestionável.
Uma sobrancelha se ergueu curiosa, tentando entender tudo o que estava se passando.
Odiava a dúvida, ainda mais em uma situação como aquela, nunca conseguia entender sinais, muitas vezes os enigmas falhavam devido sua pouca falta de entendimento para com eles.
Os boatos seriam verdadeiros ou apenas puras ilusões de sua mente?
Ir para casa com aquela dúvida há deixaria um pouco preocupada, mas sem dúvida ela não fazia idéia da reação que estava causando deixando a dúvida da realidade na mente alheia.

A realidade, é que a falta de coragem e o medo de estragar algo que nos parece tão perfeito, muitas vezes nos faz perdermos oportunidades magníficas e únicas.

Assim, ao se despedir, ele se encheu de coragem, a agarrou ali mesmo, em meio à estação de metrô, as pessoas apressadas passavam e adentravam seus vagões preocupadas com a hora, e ele, sem se preocupar com mais nada ao seu redor, a beijou, um beijo doce, lento, um beijo como nunca deu e nunca sentiu antes, completamente... único.
Sentiu a mão dela se aconchegando em sua nuca e lhe acariciando enquanto retribuía carinhosamente, seu coração pulava como ela nunca sentiu antes, estava feito, tinham a plena certeza de que foram feitos um para o outro.

J.H.C

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