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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Hello Dolly

Era uma linda manhã de primavera, o sol brilhava alto no céu, enquanto os pássaros cantavam alegremente.

Ágatha se levantou lentamente da cama, os pés descalços andavam lentos em direção ao banheiro. Estava ainda sonolenta, os olhos semi cerrados, as mãos tateando a porta, abrindo-a, ouvindo o seu nheeec. Jogou avidamente água no rosto, despertando por completo.

Arrumava-se com cautela, todos os detalhes eram necessários para que sua beleza fosse mostrada com perfeição.

Os cabelos castanhos ondulados caindo por sobre o ombro, os olhos esverdeados se apreciavam diante o espelho.

Os lábios rosados e carnudos, chamativos.

Colocou um longo vestido azul com um grande decote em V, deixando claro o grande volume de seus seios chamativos e belos.

Se arrumava todos os dias com extrema atenção nos detalhes para, quem sabe, ao sair, encontrar o amor de sua vida.

Ela já o idealizava claramente, um homem alto de longos cabelos louros, olhos azuis, forte, com lábios deliciosos de se saborear, com grandes mãos e fortes, de um romantismo inacreditável.

Ela sabia que o encontraria, estava predestinada a amá-lo e a ser muito amada, era apenas uma questão de tempo.

Calçou seus sapatos que deixavam seus pés delicados, observava-se agora no grande espelho diante sua cama. Era a mulher mais bonita que existia e sabia bem disso.

Saiu de casa sorridente, um sorriso perfeito, branco e doce.

O rosto rosado lhe dava um ar mais jovial e belo do que em qualquer outra mulher.

Os homens da cidade a observavam com atenção, alguns tentavam lhe chamar a atenção, outros preferiam apenas ficar a apreciar a beleza angelical que passava em suas frentes.

Ela sabia que poderia ter qualquer um que desejasse, no entanto, ela queria um específico, e lutaria por ele, mesmo não sabendo onde exatamente ele estava.

-Bom dia, madame!

Alguém lhe disse, uma voz simpática, grossa, gostosa de se ouvir, mas ao qual ela pouco fez caso, e nem se quer se deu ao trabalho de ver a quem pertencia.

Passou, ignorando-o completamente, como sempre fazia com todos os outros.

Grande erro que acabara de cometer, mal sabia ela que deveria ter feito totalmente o oposto do que acabara de fazer, pois aquilo iria lhe gerar consequências catastróficas.

Mas é como dizem, cada um faz suas escolhas, e ela acabara de fazer a dela.

***

Ele a via se aproximando, e como ela era linda meu Deus.

Nunca acharia outra igual, era incrível como aquela mulher estava mexendo com os seus nervos.

Será que desta vez ela lhe responderia?

Normalmente ela ignorava a todos, esse era o seu defeito, achar que ninguém chegava ao seu nível, mas ele provaria, fosse como fosse, que ele foi feito para ela.

Segurando as tulipas em sua mão direita, na direção dela, ele deu a derradeira, esperando que o cheiro das flores, ou talvez as cores, o formato, a formosura daquele ser tão puro e belo, fosse lhe chamar a atenção devida, e assim, mordiscando os lábios um pouco nervoso, abriu um longo sorriso e disse com a mais bela voz que conseguiu encontrar naquela garganta seca, áspera e preocupada.

-Bom dia madame!

Suas mãos já estavam dispostas a lhe entregar as flores a qualquer instante em que ela olhasse para ele. Apenas um olhar, dez segundos, nada mais, era apenas isso que ele tanto queria.

Como sempre, ela o ignorou.

Seus olhos a seguiram indo em direção a padaria.

Se virou e seguiu o caminho oposto ao dela, indo para as colinas.
As flores jogadas ao longe, como se fosse a coisa mais imbecil que ele já fizera na vida.
Seu rosto agora sério, as sobrancelhas franzidas e a testa enrugada, seu sobretudo negro esvoaçando conforme se afastava daquele pequeno vilarejo, completamente frustrado. Seus esforços não estavam valendo de nada, e ele apenas estava fazendo papel de babaca.

O vento batia forte em seus cabelos, esvoaçando-os e o deixando com uma aparência diferente daquele ar doce que ele normalmente transparecia.

***

Um rugido forte e alto foi ouvido ao longe.

Ela olhou para os lados, assustada.

-Mas o que foi isso?

Ela olhou para o padeiro a sua frente, que a observava totalmente hipnotizado com a sua beleza. Os lábios sendo lambidos avidamente, aqueles seios formidáveis...

Ela saiu da padaria sem nada dizer, mas satisfeita com o que estava causando, se esquecendo por completo do som que acabara de ouvir. Escolhera o vestido certo, e isso era o que importava.

Continuou a andar lentamente pela rua, o vestido balançando em cima de suas pernas.

Não percebeu, assim como todos os outros, que o clima estava mudando rapidamente. O vento estava ficando mais forte, e as nuvens mais escuras, tempestade estava por vir.

Continua...

J.H.C


2 comentários:

  1. Bem exigente essa mocinha tambem. E pr`ela ser convencida assim, ela deve ser carioca, rsrs. Mulher bonita que tem a personalidade chata, acaba sendo feia.

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  2. Higor,

    não pensei no fato dela ser carioca rsrsrsrsrsrs.

    Mas concordo, mulher bonita com personalidade chata, é feia!!! xD

    Falou como um verdadeiro paulistano! Me deu orgulho agora!! =D

    Mil beijos!!

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