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segunda-feira, 21 de março de 2011

Rosa, sangue, vida

Sentada em frente ao computador, sem imaginação para escrever, mas com uma vontade crescente dentro de mim, querendo se expelir.
Abro textos e mais textos, tentando arranjar uma forma de me inspirar em meio aos sonhos dos outros.
Os dedos começam a se movimentar, no começo lentos, sem grande potência nem vontade, mas as idéias vão surgindo do além, como algo mágico e inesperado, em questão de segundos as mãos se aceleram e começam a colocar para fora toda aquela vontade de demonstrar o que estava sentindo no momento, tudo o que se passava em sua cabeça, as idéias expelindo-se longe, sujando a tinta virtual o papel do bloco de notas.
Uma mulher, uma mulher passando pela calçada coberta por flores, uma flor, uma rosa de cor vermelha sangue, sangue, sangue escorrendo no córrego da guia, um homem, um homem ao chão logo mais a frente, sangue por todo o seu peito, um sol de rachar a cuca, as pessoas se acumulando ao redor daquele ser estático que acabara de sofrer algum acidente, a mulher, a flor cor de sangue, seu vestido vermelho, os lábios rubros, tudo muito vivo e ao mesmo tempo muito morto, as pessoas mortas, as pessoas sem vida cuidando da vida dos outros para tentarem renovar algo que já se perdera em suas vidas.
Sangue, mulher, rosa, homem, todos muito ligados e ao mesmo tempo separados e sem alguma conexão possível.
A mulher se aproximando e meus dedos se agilizando, as idéias horríveis querendo algo novo e belo em meio a destruição, mas nada vem, nada vem, a desgraça possui o cérebro de um ser humano ao tentar ver a possibilidade de inovação.
Mas a flor, a flor rosa cor de sangue era vida, vida em meio a morte, vida viva, pura e bela.
Um sorriso abre-se em meus lábios, mas não estou gostando do desenvolvimento que o texto está tomando, confusão, pessoas correndo de um lado para o outro e percebo que não há mais salvação, tudo está perdido, exceto a flor, a flor rosa cor de sangue, a flor da cor do vestido daquela mulher, da mesma cor do sangue que saia do homem estendido no meio da rua.
A flor era a salvação, a esperança de um mundo melhor, e então percebo que nem tudo está perdido, porque às vezes não conseguimos lidar com algumas coisas, como escrever um texto, por exemplo, no entanto quando vemos já o temos, bem ou mal, mas o possuímos e é um fato, tudo é lição e aprendizagem, mas as flores ressurgem sempre para salvarem, e mesmo possuindo aquela cor horrenda de sangue também está demonstrando a cor do amor, vermelidão, a cor da vida.
Vida, mesmo na morte, vida viva...
Era disso que o povo necessitava e era isso que teriam, em meio aos conflitos eu digitava sem entender onde aquilo iria dar, mas perdera completamente o controle de minhas mãos e só sabia explicar o que se passava, tentando mostrar aquele caos tão belo, tão morto mas tão vivo e alegre.
Vida, vida...

Era só isso que precisávamos, e era isso que iria demonstrar. Entendessem os mais sábios.

As mãos vão relaxando até caírem ao lado de meu corpo, está feito.

J.H.C

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