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sexta-feira, 13 de março de 2015

FUNCIONÁRIO DO POEMA PÚBLICO

Bordoadas protocolares

Levam um sujeito à concordata?

Conhecer as gerências do pensamento

Não resolve a incompetência

do coração.

O coração e o seu embate com os procedimentos operacionais.

O sistema está fora do ar,

O desejo de ser, fora de meus pés,

Saudades da endorfina, essa

deusa dos neurônios febris.

Hoje ausente em instrumentos normativos.

Estou em débito com os auditores

da moral, perdi o documento,

perdi a gestão do meu

contrato de vida.

Além dos pedidos de serviço,

dos recados a serem respondidos,

dos chamados dos homens no balcão,

ficou pendente também

algo que fica lá dentro,

algo que deixa o Sol mais claro

E o Metrô menos cheio. Algo em

Que não sei mais se creio.

O Natal chega e as pessoas felizes,

Eu espero por oito horas de sono.

Sentir em mim

Toda a ambivalência

Da escolha segura

E voltar pra casa

Outra vez macambúzio...

Que experiência profunda,

Que experiência terrível,

terrível e silenciosa.

Na curva do espaço,

O tempo se distorce

E vira mistério saber:

Saber o quê, para quem

E para quando.

Interligado a um sem fim de lugares,

Meu corpo sem alma

perde a referência

com que julga

As coisas e as palavras.

Rafael Cardoso

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