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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

De repente

Você apareceu de repente, e eu gosto de pensar que tudo tem um porque e você mostrou que isso é verdade.
Estava magoada e há muito não acreditava mais na possibilidade de sentir o que estou começando a sentir, as esperanças já tinham ido embora e de repente você apareceu na minha vida.
Eu devia ter feito filosofia há quatro anos atrás e então, talvez, já estivéssemos juntos, mas ai as coisas seriam muito diferentes e tudo tem um porque, era preciso ser assim para fazer sentido.
E então eu conheci ele, sem querer querendo acabamos nos tornando amigos sem nunca imaginar onde aquilo ia dar... E então você apareceu de repente.
Eu me iludi com mil ideias mirabolantes e falsas, e quando eu já estava desistindo de tudo e perdendo as esperanças ele me falou de você, e o plano era perfeito e maligno...
E me bateu um acesso de loucura que me fez mudar tudo, e você apareceu de repente, mudando todo o percurso das ideias.
E eu achei que não ia dar certo, achei que era só mais uma ''enrolação passageira''... E então você surgiu de repente e mostrou o quão apressado e determinado é (e me pegou despreparada, admito hahaha).
Mas então tudo ocorreu e você foi simplesmente o mais doce e gentil, carinhoso e atencioso que eu já tive... o mais bonito e inteligente, safado e engraçado... E então você me deixou feliz de repente.
E você está se mostrando o melhor, aquele que valoriza mesmo com esse seu jeito palhaço e curioso, você se esforça de verdade 
e de repente
estou sentindo o que pensei que não seria mais possível... 
e de repente 
você está se tornando aos poucos
o ser mais lindo da minha existência...
você está sendo
de repente
o loiro da minha vida...

Jéssica Curto

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Capítulo 1 - O Bar

Estava ela ali sentada naquele lugar já havia pelo menos uma hora e meia. Os dedos titubeavam na mesa bamba de madeira, era muito pontual sempre com tudo e com todos e isso a tornava exigente, pois não gostava que os outros não o fossem para com ela. 
Os olhos azul-esverdeados estavam ardidos e cansados, com suas pálpebras levemente cerradas, os cabelos cacheados bagunçados presos em um coque mal feito no topo da cabeça, o corpo recostado preguiçosamente sobre a cadeira, as pernas levemente estendidas no chão, deixando suas lustrosas botas pretas no meio do caminho dos passantes. 
Olhou para o relógio que estava dependurado naquela parede imunda em cima das bebidas expostas do bar e suspirou lentamente, ele não iria aparecer e talvez fosse melhor assim, afinal de contas, tudo tem um por que.
Se levantou espreguiçando-se e deixando uma nota em cima da mesa se retirou do local fétido e pútrido à passos largos. 
Sua bunda vibrara e automaticamente sua mão fora em direção ao celular que estava no bolso de trás da calça, olhou rapidamente para a mensagem ''Me perdoe, mas vai ter de ficar para a próxima... '' era sempre assim, ela já deveria estar acostumada. Seu dedo clicou no botão excluir e logo em seguida voltou a guardar o minúsculo aparelho, teria de fazer sozinha e o faria, como tudo na vida. 
Pegou sua calibre 38 escondida por debaixo da jaqueta e começou a correr, se era para ser assim, então que assim fosse e que a guerra começasse!


Continua...

Jéssica Curto

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Viver intensamente II

Meus amigos estão casando
os do meu pai estão morrendo
é terrível esse ciclo inevitável
e é por isso, justamente por isso
que devemos viver cada instante 
como se fosse o último
viver cada momento incansavelmente 
enfrentar o medo
e desafiar o destino
pois no fim, não nos resta nada além de lembranças, sonhos e desejos 
que foram concretizados
abandonados
esquecidos
e guardados
a vida é uma só
por isso devemos aproveitá-la
da melhor forma possível
sem arrependimentos ou enganos

Jéssica Curto

domingo, 5 de janeiro de 2014

Casca Humana

Passei o dia largado na cama. Memórias atravessando minha cabeça como se fosse uma mão penetrando em um filete de água. Imagens dançam na minha cabeça e sons são percebidos, mesmo aqueles que não são emitidos nesse momento. O lugar é confortável, quente e familiar, onde tudo é pacifico, exceto pela televisão ligada, cuja qual eu não tenho a mínima vontade de assistir. Não preciso de televisão, pois tenho minha vida para analisar, tarefa esta que distorce o ambiente, que não é mais totalmente pacífico. De minha mente surge o caos, que borbulha em meio à paz reinante.
Risos de criança acompanhados por choro, determinação e tristeza. Perdas e vitórias, ganhos e derrotas acompanham os anos pelo qual a roda do tempo já passou. Saudades existem sem nenhum arrependimento ou amargura. Brincadeiras, jogos, histórias, revistas e livros rodeiam o quarto. Remodelado mil e uma vezes, com pessoas que entram e saem pela única porta e respiram o ar proveniente de uma única janela. A TV, agora moderna, continua ligada, mas já não é mais a mesma. Todos os tempos foram únicos, mas, na realidade, não houve tempo bom ou ruim. Não cabe à Felicidade ser o parâmetro de classificação desse conceito, uma vez que, se felicidade fosse o fator determinante, tempos bons e ruins existiriam, mas trariam outras dúvidas consigo, as quais eu não possuo interesse algum em perguntar.
Nenhuma pessoa passou por aquela porta ultimamente e, com isso, me sinto sozinho, mas lembro-me que já estive bem acompanhado, embora eu sempre soubesse que minha sociabilidade nunca foi das melhores.
E por anos eu tentei ser mais sociável. Conversar mais, conhecer mais. Falar mais e ouvir de menos, atitude a qual sempre realizei ao contrário nos inúmeros encontros aos quais entrei mudo e sai calado. Denominaram-me tímido.
Contudo, ao observar as pessoas, percebi que mudanças de hábitos e atitudes envolvem uma mudança, mesmo que singela, de caráter ou personalidade. A mudança de personalidade para ser mais sociável é fragmentar-se. Não precisa ser muito, mas necessita ser o suficiente para que estes pequenos fragmentos incorporem nas pessoas e seja capaz de sentir através delas ou imitar o sentimento que as assola. É o que chamamos de "entender as pessoas". Utilizamos essa habilidade ao consolar um amigo, ao preocupar-se com a correspondência do sentimento declarado a uma pessoa, ao ponderar sobre a atitude de um ser ou um conjunto de seres. Não possuo essa capacidade em quantidade satisfatória, pois, diante de todos os acontecimentos, eu me mantenho uno. Indivisível.
Através da indiferença, não consigo sentir as pessoas. Elas vivem, amam, destroem-se, reerguem-se e, desta forma, vivem numa alternância de sentimentos, alternância esta da qual eu também compartilho. Tenho, dentro de mim, todos os sentimentos do mundo; apenas perdi a capacidade de amar. O Amor fragmenta, reorganiza e une. Minha Indiferença absorve, organiza e protege.  Eu sou uma casca humana. Vivo sozinho, mas em minha solidão ainda tenho todo um mundo para sentir. 
Saio da cama, desligo a TV e fecho a porta. Sem Amor, ainda pode-se fazer muitas coisas.

Lucas de Figueiredo


sábado, 4 de janeiro de 2014

Humanidade no Papel

Cadeiras enfileiradas, pessoas em ordem alfabética. Eu sento, olho o papel sobre a mesa e pego minhas canetas. A tinta escorre pelo impresso nas direções propostas pelos meus dedos ao traçar fórmulas, explicações, justificativas e opiniões. Rasuras, erros e correções também estão presentes. Eu não me importo se receberei a nota máxima, mas gosto de ter a certeza que pude extrair de minha cabeça o máximo possível, de exaurir toda a minha energia pensante por apenas alguns momentos, estimuladas por inúmeras sinapses que meus neurônios são capazes de gerar entre si. As informações ficam no documento.
Ruas construídas na cidade, pessoas em ordem cronológica. Eu ando, noto os indivíduos ao meu redor e começo a agir. Minhas atitudes geram consequências e efeitos nas pessoas de acordo com a minha maneira de pensar. Eles se aproximam, se afastam, apaixonam-se, desprezam-me. Eu não me importo com a opinião de todas as pessoas, mas tenho extrema preocupação e zelo com as amizades e amores que cultivei, pois toda essa interação ajudou a formar o que me constitui hoje. Minhas memórias permanecem em minha cabeça. 
Talvez a vida não seja muito diferente de um pedaço de papel. O que está escrito, o que foi amassado, riscado, pisoteado, rasgado, guardado e cobiçado nos papéis pode ser comparado com o que foi dito, ouvido, notado, feito, desprezado, repensado e lembrado nos seres vivos. Esses traçados constituem o ser por trás de todas essas ações. As ações dos humanos fabricam e modificam a humanidade das pessoas. É o que nos torna tão iguais e tão diferentes. É o poder de criar e destruir, capaz de fazer milagres e desgraças. 
O que importa não é fazer o certo, rumo à perfeição, mas sim agir com todas as forças para reproduzir no mundo o que o sujeito acredita ser o correto, de forma a evitar o surgimento de arrependimentos e amarguras. Não se necessita ser espetacular, mas viver de maneira consciente é imprescindível.

Lucas de Figueiredo


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sem voz

Não tenho assunto com as pessoas. Mesmo na presença dos amigos mais queridos, minha garganta não vibra para fazer a locução do som. Eu emudeço sempre... Sempre.
Eu gostaria de mudar, mas não creio que seja fácil e não acredito que tenha tempo e paciência suficientes. Não emudeço por timidez, mas sim pela incrível alternância entre os tempos em que estou presente. Eu não estou aqui, contudo meu passado também me expulsa daquela época que já passou, e assim eu vou e volto, sem determinação, compreensão ou motivo aparente. Sinto que sou direcionado em meus pensamentos, pois minhas ideias não parecem originais ao nascerem da minha mente, como se alguém pudesse implantá-las e fazer-me acreditar que esse método é o único possível de se viver. Não sei como modificar essa situação, pois as informações anexadas em minha memória já são numerosas o suficiente para embaralharem-se entre meus neurônios, assim como uma pilha de cartas unidas numa sequência caótica devido à mistura sem ordem ou direção. 
Perco a voz novamente, contudo é impossível não notar a vivacidade existente à minha volta, impregnadas com mil e uma experiências exclusivas, verídicas e cativantes, contadas e cantadas por diversas pessoas das quais sinto orgulho e vontade de encurtar as distâncias impostas pela ausência do som que deveria transformar-se em voz através de minha boca. Eu gostaria de agir normalmente, mas para isso acredito que seja necessário renegar tudo o que sou agora e esse é um sacrifício que não estou disposto a fazer. Eu amo meu passado, pois ele é lotado de lembranças inusitadas, cuja existência é indispensável para a manutenção de minha vida ao constituir parte da base mental que me mantém de pé, tornando-se, desta forma, um doce furacão de imprevistos que me faz sorrir e me traz, ao mesmo tempo, segurança e conforto. 
Olho para o alto novamente e uma imagem povoa minha cabeça. Dessa imagem surgem milhares de outras, as quais encapsulam minha mente e puxam minha alma para o centro ao combinar-se com meus sonhos e memórias, o que altera meu raciocínio, mas não compromete minha sanidade, da mesma forma que o sal ao dissolver-se completamente na água, a qual se transforma em solução e passa a apresentar sabor diferente, porém sem perder sua aparência límpida e pura.
Então revivo meu passado pela centésima vez. Nada mais importa nesse instante de calmaria que em breve tornar-se-á uma nova tormenta ao destruir esse mundo e me conduzir, novamente, aos tempos atuais no qual continuo mudo a observar as experiências que abdiquei.

Lucas de Figueiredo


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

BELEZA AUSTERA

Aquele rosto austero,
De tão segura beleza,
Sim, é aquele que eu quero,
Disso eu tenho certeza.

Força dos olhos teus!
Afasta os curiosos
Vis com vários "adeus"
E neles bem mistura
Um misto de ternura
E uma dose de medo,
És mistério e doçura,
És, também, um segredo:

Que moça é essa tão bela
Que me vem e descortina
As janelas da razão?
Não sei. Sei que "amo ela"
E não penso, ela fascina:
Mais do que pode a paixão.

Rafael Cardoso


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Para meu melhor amigo!!

Fez três anos em Outubro que te conheci, no seu aniversário ironicamente quem ganhou o presente fui eu, e desde então a minha vida anda sendo mais feliz, com mais sono é bem verdade, mas com mais risadas igualmente também. 
Três anos e eu não tenho palavras para descrever o quanto a sua existência se tornou essencial em minha vida, o quanto as coisas mudaram e melhoraram com a sua presença. Três anos de puro prazer e satisfação. 
Quantas brigas tivemos? Se bem me lembro foram três e se não me engano, não duraram mais do que três dias. Engraçado como este número está ligado em nossas vidas e em como às vezes o destino brinca com a gente. 
Semelhanças, histórias vividas e contadas, tristezas e alegrias, passamos já por altos e baixos, mas isso nunca mudou nada... Minto, isso fortaleceu cada vez mais a nossa relação, e se hoje te digo que é o meu melhor amigo e maior companheiro é porque de fato o é e fez por onde para sê-lo, então, apenas posso dizer... Muito obrigada!
Obrigada pela confiança e pela convivência, obrigada pelas diversões guardadas com tanto carinho, obrigada pela paciência e pelos momentos mais sublimes ao seu lado, obrigada simplesmente por existir e ser este amigo que eu amo tanto, repleto de defeitos únicos que o tornam completamente perfeito em sua magnitude, muito obrigada!!! 
Espero que 2014 seja mais uma dessas tantas aventuras que ainda vamos passar juntos, mas que venha repleto de sonhos concretizados e de situações que nos façam evoluir e nos sentir não apenas mais um entre tantos, mas pessoas únicas e totalmente realizadas. 
Que você continue este chato que me faz rir de tudo e que os desejos e experiências sejam infinitamente fantásticas!!! 
Feliz ano novo meu querido Lobinho, 

Beijocas da sempre sua, 

Curto