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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Amanhã

O horizonte parece ser muito belo hoje. Eu gostaria de admirá-lo com você.
Lembro-me de sua face sorridente, seus cabelos ao vento e seus olhos ao fitar os meus. Havia um brilho vital ali tão forte que era contagioso, magnífico, milagroso. E talvez ainda exista, contudo, não posso enxergá-los mais. Não posso te sentir mais.
Esse foi um tempo bom, daqueles que a gente fica com muitas saudades e torcendo para que se repita. Eu ainda faço aquele mesmo caminho, todo dia, só para remoer as boas lembranças, no intuito de espremer a saudade que pulsa em meu peito para, em seguida, entorná-la boca abaixo e sentir seu gosto ácido. Corrosivo.
As árvores continuam no mesmo lugar, enquanto o vento continua a soprar na força de uma leve brisa, acariciando as folhas, novas e brilhosas nessa época do ano, onde o sol brilha com intensidade. Um sol caloroso, chamativo. O dia está perfeito para um piquenique, aquele que eu nunca pude contemplar com sua esplendorosa presença. Eu sinto saudades de tudo isso, inclusive dos momentos que não vivi.
Relembro-me de sua silhueta e a sua voz acolhe minha memória. Sorrio sem motivo, um sorriso vazio, pois a alegria presente neste se foi.
Para sempre.
Eu grito seu nome, sonho contigo e entro em desespero frequentemente. Imagino-a por ai, mostrando aquele sorriso para outro alguém, uma pessoa que, provavelmente gosta de você muito mais do que eu pude gostar. Um ser que realmente te valorize, que a engrandeça, que a ame. Eu sinto sua falta, tenho satisfação por saber que estás bem, mas não consigo sentir-me agradável nessa situação.
E tudo isso for por medo. Medo de viver, medo de ser abandonado assim como várias e várias pessoas com quem convivi. Alianças rolando no chão ao perder o sentido para qual foram feitas, jogadas em um abismo tão medonho e profundo por mãos que não se unem mais. Eu tive medo de ser largado no canto escuro de uma sala minúscula, a esperar por um mínimo de atenção ou um resquício real das lembranças do passado. A fantasia de que melhores momentos virão ainda aflora na mente, porém a esperança já se encontra muito longe daqui. Longe demais para que eu possa alcançá-la.
Por medo do abandono, eu abandonei. Eu feri quem eu menos gostaria de machucar. Eu sofro por isso, contudo, esse sofrimento é mais amargo por acompanhar a solidão que me assola.
E então eu me pergunto: para onde a felicidade foi? E uma resposta, mesmo inconclusiva e desconexa, se distingue dos demais pensamentos: talvez, para você, não exista mais o amanhã.

Lucas de Figueiredo

terça-feira, 30 de julho de 2013

O que?

Estou com vontade de escrever, só não sei o que
ando sentindo vontade de muitas coisas
coisas estas completamente indefinidas
completamente estranhas
ando tendo sonhos que não sei dizer o que
e ando querendo, só não sei o que.
Ando tendo pensamentos confusos,
sentimentos confusos,
tudo anda muito confuso,
só não sei porque .
A verdade é que ando com vontade de escrever
só não sei o que, por que, quando ou onde
então me sento e ponho a escrever
só não sei no que
no que isso pode vir a dar
meras palavras ao vento
cheias de significados vazios
de sentidos complexos
e de pensamentos adversos.
Não tenho mais certeza de nada,
não ando mais pensando em nada,
questionando, filosofando, escolhendo, mudando
tudo isso é muito cansativo e eu não quero mais
só ando querendo escrever
só não sei o que.
Tanto para se dizer, tão pouco para se fazer.


Jéssica Curto


segunda-feira, 29 de julho de 2013

A.R.

Por entre meus dedos
Passando pela minha mente
Fluindo entre meus ossos
Cortando minha pele
Entrando nos meus pulmões
Queimando meus olhos
Arrepiando meus pelos
O que você é?
A.R., como A.R.
Feita de A.R.
Construída de ar
O que eu preciso?
A.R., A.R., A.R.
Agora você sente?
Agora você toca
Cada parte interna
Nas partes celulares
Dentro do meu peito
Nas minhas loucuras
Em volta de mim
Amor Racional 
Você é frio 
Mas eu te faço quente
Amor Racional
Você me ama e desafia
Amor Racional
Eu sou seu enigma 
Eu sou sua cobaia
O que você precisa de mim?
O quanto você precisa?

Leonardo Ragacini

domingo, 28 de julho de 2013

Paineiras

Envolvido por folhas de Paina
retornam minhas lembranças
Sorrisos, brincadeiras e danças.

Envolvido por flores de Paina
renascem meus desejos
Uma pessoa e mil medos.

Envolvido por frutos de Paina
murcham minhas esperanças
Engrandecem as distâncias.

Paineiras persistem na memória
Caem folhas, flores e frutos
Primavera, verão, outono, inverno
A vida é dos astutos

Eu quero retornar no tempo
Vê-lo novamente nas painas
Rever conversas e piadas
Sentir vontades insanas

Mas nada muda, tudo muda.

Um milhão de palavras
Desprovidas de voz
Milhares de fantasias
Perambulando na mente

Memórias vívidas passadas
esquecidas e relembradas
Devem ser apagadas
no frio da Solidão

Mas o passado se aproxima
e não permite olvidar
Amor arbóreo de Paina
Se faz relembrar.

Lucas de Figueiredo


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Estrutura solitária

Viver sozinho não é algo tão simples quanto eu esperava. Durante anos sobrevivi sem amparo físico ou psicológico algum. Eu vivia razoavelmente bem, sem grandes problemas ou preocupações, bem como solucionei problemas que não eram meus, pois não precisava solucionar nada dentro de mim. Os dias passavam normalmente, enquanto eu permanecia forte e imune aos sentimentos destrutivos existentes na minha espécie. Contudo eu não percebi que, no meio desse plano de vida, eu acabei por me diferenciar e me transformei em algo não humano, não natural.
Tornei minha vida sintética, simplifiquei minhas emoções, projetei máscaras e falsos objetivos necessários à manutenção de vida.  Aos poucos, meus espinhos foram aparecendo na mesma proporção em que minha paciência e compaixão se esvaiam. Não me tornei selvagem, mas também não era mais capaz de agir e pensar de maneira racional. Minha voz foi sumindo e meus ouvidos cresceram, enquanto meus olhos focaram-se em outras características. As pessoas à minha volta começaram a existir parcialmente em minha memória, essa última somente acionada quando precisava alimentar-me de humanidade, nutriente básico para a manutenção do meu estilo de vida. Sonhos foram sublimados, lembranças ruins deixaram de ser esquecidas, assim como as boas eram tão remoídas que se tornavam praticamente físicas, direcionando minhas ações e pensamentos. Embora meus movimentos não tenham se tornado mecânicos, minha mente era mecanizada pouco a pouco, à medida que meus sonhos e desejos deixavam de existir. Por fora, era inabalável ao ponto de ninguém conseguir ameaçar meu núcleo debilitado, não só por não possuírem força suficiente, mas também porque não conseguiam enxergar qualquer falha na armadura espinhenta que me cercava. Toda dor externa disponível era absorvida pelo meu corpo e neutralizada em seguida, pois meu interior necessitava de treinamento para tornar-se ligeiramente forte e curar qualquer ferida que pudesse trespassar a carapaça numa situação real. Até então, tudo estava perfeitamente equilibrado. Os ganhos e custos eram balanceados.
Porém, havia uma leve brecha em toda essa estrutura interna. Meu caráter era necessário para a manutenção desse modo de vida, todavia ele era, do mesmo modo, o responsável por causar certo dano ao ativar as lembranças mais amorosas e ao produzir sentimentos e relações de amizade com certas pessoas. Esse caráter, que implorava para que o emocional ganhasse mais espaço e perdoava qualquer magoa proveniente de algumas pessoas, gerou um espaço no qual meu corpo não tinha quaisquer formas de controle. Uma pequena bomba se instalou ali e foi programada para detonar a qualquer instante.
Foi então que aconteceu.
Minha carapaça de espinhos começou a machucar as pessoas que meu caráter lutava a favor. Com isso, o estímulo necessário à detonação da bomba foi cedido e a explosão interna gerou o caos, alimentado pela dúvida: Curar-se ou reparar os danos causados nas outras pessoas? Então a dor foi criada e fluiu por todo o meu corpo, desestruturando todo o sistema ao gerar danos de dentro para fora...
O resultado disso tudo apareceu na forma de corrosão devido aos sentimentos de culpa e desapontamento que surgiram dali. E então, no meio do desastre, eu aprendi.
Pessoas são as verdadeiras fontes, capazes de gerar espontaneamente e em grande quantidade a humanidade que eu lutava para produzir sinteticamente. Eliminando-as eu institui um inverno permanente dentro de minha mente e então, confortavelmente, entrei em estado de hibernação diante do clima frio e hostil de meu próprio pensamento... Desta forma, meu corpo se adaptou em toda a estrutura que criei e assim eu vivi por um bom tempo. Mas os recursos começaram a escassear e a armação se desfez. Assim, morri por inanição. Nos últimos instantes eu pude entender o que estava acontecendo, mas os danos foram irreparáveis.
Consequentemente, a tristeza me raptou para o mundo dos mortos, deixando apenas marcas de sangue e miolos nas paredes de meu quarto ao projetar-se contra mim na forma de um projétil de revólver, sustentado pela minha própria mão.

Lucas de Figueiredo


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dessa relação

Eu sempre fui livre
Livre para ser eu mesmo
Eu nunca me importei
Em ser sozinho
E ter sempre minhas peças
Soltas para serem montadas
Mas agora é diferente
Você mudou o jogo
E eu gostei da forma
Que você me deixa triste
Quando me deixa sozinho
Eu gosto de me sentir vazio
Quando você não está perto
Eu gosto
De me perder em romantismo
E beber um pouco dessa relação
Porque isso me faz ver o sol na chuva
O começo antes do término
A luz antes de escurecer
Eu não preciso estar sozinho pra ser feliz
Eu não preciso ter alguém pra ser completo
Mas eu sei que quero te amar pra sempre
Até que meu coração se quebre
Não importa o que vem
Não importa o que aconteça
Eu continuo gostando disso
Apaixonado por você de novo
A cada briga imbecil
A cada sorriso idiota
A cada cena hilária
A cada crise
Até o além do infinito
De trás para frente
De baixo para cima
Não importa o que aconteça
Eu continuo gostando disso
Apaixonado por você
Você mudou o jogo
E eu gostei da forma
Que você me deixa triste
Quando me deixa sozinho
Eu gosto de me sentir vazio
Quando você não está perto
Eu gosto
De me perder em romantismo
E beber um pouco dessa relação.

Leonardo Ragacini

terça-feira, 23 de julho de 2013

Novo tempo

Eu estive fora por muito tempo
Eu mudei partes em mim
Mas todo esse tempo
você esteve olhando dentro de mim
E isso é tão familiar
O tempo não pode mudar
as coisas que eu sinto
A nossa história que não passou
É uma nova vida e uma nova pessoa
Mas essas lembranças não querem morrer
E toda vez que me vejo sem você
Toda noite que estou rumo
Entre queimar e te perder
É quase um instinto
Eu começo a voltar ao passado
todo o tempo
Eu vejo tudo o que éramos
Penso em tudo que ainda somos
Mas as coisas não estão fáceis
Eu tenho um novo plano
E uma nova identidade
Mas como é lindo e fácil
Embarcar nessas ilusões com você
Eu poderia largar todo esse jogo
E comandar esse barco de volta
Ao lugar de onde é de verdade
Mas sempre que começo a pensar
Eu volto para os erros
Que ainda não foram cobrados
E por toda minha vida
E por todo infinito
Eu queria ter um momento
Para fazer tudo voltar
Ao que era antes
De não existir mais...

Leonardo Ragacini

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Real pra mim

Um novo dia está chegando
Eu abro meus olhos e te vejo
Exatamente onde devia estar
Eu preciso dizer o quanto te amo
Porque isso parece um sonho
Mas o ponto disso é real
E não tem nada que me faça
Querer mais abrir o meu coração
Do que o fato de ser você
Você sabe por quê?
Estou feliz agora
Porque eu te amo
Você sabe por quê?
Eu te amo agora
Porque você faz
Todo universo
Um lugar real pra mim
Não existe um dia
Que o seu brilho não me aqueça
Eu sei que muito se diz
Sobre sentimentos e amor
Sobre sonhos e verso
Mas o que falo, meu amor
É sobre entender o que vejo
E se isso não for real
Então não teria graça
Porque eu tenho você
Do meu lado agora
E não existe nada
Nada que não faça
Para que isso continue
Como sempre deve estar
Porque você me ama
E isso basta
Pra me fazer real.

Leonardo Ragacini


domingo, 21 de julho de 2013

Viver intensamente

Vive-se sem se viver de verdade, intensa e loucamente, vive-se na expectativa e no medo da mudança, na espera de uma oportunidade, na sombra da felicidade, sem nunca de fato viver...
O ser humano sofre e se tortura todos os dias, e pra que? E por que? 
Não sei dizer, não quero saber, apenas quero viver... O pouco que ainda me resta, intensamente.

Jéssica Curto


sábado, 20 de julho de 2013

O DISCURSO DOMINANTE

Mas como será possível
ocupar o espaço desse modelo?
Nas salas de jantar, no cafezinho,
No pensamento dos transeuntes
está um ideal implícito
e condicionado, tido como natural.
O discurso torna-se lógica inerente
A todas as coisas e constrói o social.
Ele penetra, surdamente, nos cantos
mais remotos da singularidade, e 
restringe as ações a formas previstas.
Técnico e imponente, o discurso 
empurra para o lado as outras estratégias de
vida, as inúmeras possibilidades da existência.
Estranhamente criticado, ele se reforça a cada
dia, até que se diga ser impossível voltar. 
Marginais: aqueles incapazes de
funcionar na lógica do discurso. Os inaptos a serem sociais.
Amigos,
Essa resposta que damos à vida não é a única,
muito menos a melhor,
é tão somente uma sedutora alternativa,
que nos leva, inebriantemente,
à trilha da perdição.

Rafael Cardoso

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Corpo & A Alma

Para mim é tudo muito estranho, afinal, não conheço absolutamente nada sobre esta vida e este planeta.
Tudo se torna novo e diferente e estou agora pensando em como levantar desta cama tão confortável sem me sentir culpada.
O fato é que esta vida não parece muito animada, primeiro que se levanta cedo demais para se ter tempo de se arrumar e conseguir sair no horário sem se preocupar em ter de correr com todas as preparações do serviço.
Aliás está ai outra coisa curiosa, o dia se resume em colocar ordem na escola, levar os alunos doentes para a enfermaria, estar disponível sempre que algum professor venha a necessitar e quando se pensar em sentar, já é a hora do almoço.
Doce hora do almoço, há! Uma grande piada, isto sim. Uma comida requentada dentro de um pote nunca foi muito prazerosa, no entanto, pelo menos há de ser gostosa e de fato o é, comida da mãe deste ser em que me apossei, pelo menos algo de bom, mas não pense que é duradouro, uma hora passa mais rápido do que o imaginado e quando se vê, volta-se tudo outra vez.
Isso todos os dias, se segunda a sexta, até as quatro da tarde, depois vai-se para casa e descansa-se um pouco para o dia seguinte, não esquecendo de que é preciso fazer a leitura diária para que o corpo não fique com peso na consciência.
Aos finais de semana não pense que há grande diversão, mas é mais tranquilo com passeios calmos em museus ou em shoppings, o corpo conquistou bons amigos, o que faz toda a diferença para renovar as energias para a semana seguinte.
No fim aprende-se todo dia um pouco mais, provavelmente porque no meio da rotina ela simplesmente não exista.

Jéssica Curto

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Chá da Tarde

Cena 1

Darwin - Cavalheiro, uma xícara de chá por gentileza.

Garçom - É pra já senhor!

Cleópatra - Me perdoe o atraso querido, o trânsito lá fora está uma loucura!

Darwin - Sem problemas, estava aqui refletindo sobre a teoria da evolução.

Cleópatra - Teoria do que?

Darwin - Teoria da evolução, minha querida, todas as criaturas evoluem, nós, por exemplo, somos primos dos macacos.
O livro vai ser lançado mês que vem, a editora disse que tem tudo para ser um grande Best Seller!

Cleópatra - Opa, opa, opa! Você está me chamando de macaca? Você por um acaso sabe com quem está falando? Eu, queridinho, sou a DEUSA do Egito! Me respeite!

Darwin - Me perdoe se eu a ofendi senhorita, esta não era a minha intenção...

Cleópatra - E você acha que está arrasando com essa sua barba de milênios não é? Parece um macaco, isso sim.
Olha aqui, eu governo o Egito há gerações, já lancei a minha biografia e vendi milhões, todos me idolatram!
Quando você chegar aos meus pés, então talvez possamos conversar novamente...

Darwin - Papéis duram poucos anos, teorias são para sempre. Você comanda seu povo com inverdades, não passa de uma salafrária mentirosa!

Cleópatra - Como ousa...??

Darwin - É sim, acha que não sei que engana seu povo dizendo ser uma deusa, quando na verdade fica medindo o Rio Nilo para saber quando a água vai estar baixa ou alta?

Cleópatra - Pra mim chega, eu sou o Sol que ilumina os mortais, a Terra que trás alimento, a Lua que guia a noite, não preciso ficar aqui ouvindo isso.

Darwin - Também existem teorias sobre tudo isso, só para a sua informação, madame.

Cleópatra - Pra mim basta!

Darwin - São apenas fatos, e somente eles sobram diante a ciência, boa tarde!

Jéssica Curto

Agradecimentos a Leonardo Ragacini, que foi a grande inspiração para este.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Colégio

Cena 1

Marco- Você checou tudo?

- Chequei, eu já te disse isso.

Marco-Não, você não ta entendendo, se algo der errado...

- Não vai dar nada errado.

Marco- Eu sei, eu sei, mas é que...

- Cara, relaxa!

Marco- Ok, eu só to preocupado, só isso.

- É eu to vendo, mas não tem com o que se preocupar, vai ser mamão com açúcar.

Marco- Então por que você fica olhando tanto pra trás?

- Sei lá... Eu não to olhando não.

Marco- Ta sim! Cara... Cadê ele?

- Já disse pra relaxar, ele já deve ta chegando.

Marco- Você sabe que isso é o meu sustento né?

Um homem engravatado e misterioso aparece.

Homem engravatado - Opa, beleza?

Marco - Fala cara, tu ta com tudo certo né?

- Que saco! Já falei pra relaxar!

Homem engravatado- Meu não tem erro, depois que todo mundo for embora e a escola fechar a gente entra e...

Um aluno gordo e desengonçado passa por eles, todos se calam.

Aluno- Boa noite.

Todos: Opa, boa noite!

O aluno se vai.

Marco para Zé- Já falei pra parar de olhar pra trás, depois eu que to nervoso.

Homem misterioso- Olha, o esquema é o seguinte, façam tudo rápido, se algo der errado a gente vaza, beleza?

Marco e Zé- Beleza!

Marco- A chave do cofre fica na direção, do lado da porta, ta destrancada, só não deixa ninguém te ver.

Homem misterioso- Beleza.

Homem misterioso some dentro da escola

- Ta frio pra caramba hoje meu.

Marco- Ta e eu não to com um bom pressentimento.

Homem misterioso volta

Marco- O que houve?

Homem misterioso- Não deu, tem muita gente lá.

- E agora?

Marco- Da pra parar de olhar?

- Me faz parar!

Homem misterioso- Chega vocês dois! Zé, eu vou te dar a arma e vou entrar, você fica com o Marco até ele fechar a escola, eu vou tentar pegar essa chave e me esconder em algum banheiro.

- Beleza.

O homem misterioso tira uma arma da cintura e coloca dentro da mochila do Zé discretamente, logo em seguida entra na escola.
Zé acende um cigarro.

- Você quer um? Ajuda a acalmar.

Marco- Não cara, valeu.

Marco coça a nuca

Marco- Larguei já tem dois anos.

- Agora é esperar...

Marco- Agora é esperar...

- Você vai entrar pro grupo, depois dessa noite todo mundo vai te aprovar, tu vai poder largar essa bosta de emprego.

Marco- Não fala assim Zé.

Marco fica cabisbaixo olhando para o rádio de comunicação.

Marco- Meu pai era segurança, ele que me ensinou tudo o que eu sei, estaria desapontado comigo agora...

Um homem musculoso, tatuado e de cabelo raspado se aproxima de Zé e Marco.

Marco- Você ta fumando maconha? Você é louco?

Tatuado- Só uns pega meu, não enche, me ajuda a acalmar os nervos.

- E esses alunos, quando vão embora hein Marco?

Marco- Daqui a pouco... Para de olhar pra trás porra!

Tatuado- Calma mano, relaxa.

- Viu? Pelo menos eu fumo cigarro normal.

Marco- É melhor vocês sumirem um pouco, pode sujar pro meu lado, alguém pode desconfiar...

Tatuado- Eu não vou a lugar nenhum!

- Eu também não, até parece andar por ai com a arma do Celso, ele me mata!

Tatuado- Relaxa menininha, você quer mesmo ser aceito? Regra número um, pare de ser medroso!

Marco- É que é o sustento da minha família...

Tatuado- Tua família vai viver no bem bom a partir de agora, pensa nisso. Você não quer dar um ensino de qualidade pra sua garotinha?

Marco- Claro meu, é o que eu mais quero!

- Então tem que se acalmar.

Marco- É vocês tem razão, eu to preocupado atoa...

- É meu, é sério, vai ser muito mole, vai por mim...

Marco- Ta, ta...

Tatuado- Que tal você acelerar esse processo hein guardinha? Ta muita demora...

Um garoto magricela e alto se aproxima do grupo.

Garoto- Opa!

Marco- Luiz? O que você ta fazendo aqui?

Luiz- Ué, achou mesmo que eu ia perder isso?

Marco- Meu não era pro Luiz ta aqui, droga! Vocês não estão cumprindo o acordo.

- Ta tudo certo, para de causar.

Marco- Não! Não era esse o trato, o Luiz tava fora disso, vocês prometeram!

Tatuado- Sabe essa cicatriz que eu tenho nas costas? Então, foi o Celso... Você não vai querer ganhar uma igual, melhor parar, vai por mim...

Homem baixinho e gorducho aparece comendo um lanche.

Baixinho- E aí Luiz, beleza?

Marco- Porra Denis, tu sabia? Meu não era pro Luiz ta no meio.

- Aff... Você não se acalma, não é?

Luiz- Tu é muito egoísta meu.

Marco- Não, vocês não estão vendo o meu lado, eu...

Ouve-se um tiro, pessoas começam a correr e a gritar.

Continua...

Jéssica Curto

terça-feira, 16 de julho de 2013

Amor verdadeiro

É lindo, e é lógico que eu me sinto atraída, mas não é amor...
Na verdade o amor, puramente dito, aquele que enlouquece a mente, estoura o coração, faz as mãos suarem e a boca gaguejar, aquele amor de contos de fadas, eu realmente não acredito que exista.
Não, eu posso viver sem você, eu só não quero.
Eu te amo, amo no meu entendimento mais puro e sincero, quero o seu melhor e a sua felicidade está acima de qualquer coisa para mim, eu faria o que preciso fosse para me vingar se alguém te machucasse... já provei, por mais de uma vez com a fúria que me dominou, a raiva que transpareceu em meus olhos, daquelas que não souberam te valorizar, enquanto eu, do lado de cá, sofria em silêncio, inconformada com esta afronta alheia enquanto desejava apenas um simples beijo.
Eu te amo e por mais de uma vez já quis lhe contar, mas falta-me coragem, não apenas de revelar, mas de não ser aceita, das coisas simplesmente mudarem, e correr o risco de perdê-lo seria inadmissível... por isso sofro na espera de ter um beijo roubado, um afago assanhado ou um simples eu te amo.
Olho para os outros e não vou mentir e dizer que não me sinto atraída, que meus pensamentos maliciosos não viajam às vezes, mas não é amor,longe de ser.
A química que percorre o meu sangue percorre no de todos, então não me julgue por isto por favor, eu sou apenas um ser humano como qualquer outro, mas isto não me faz ignorar meus sentimentos.
Oportunidades, por mais de uma vez, foram jogadas ao vento por não serem o que desejava...
Então, apenas tenha a plena certeza de que, ele pode ser lindo, mas jamais me fará sentir o que sinto, quando te olho e te faço sorrir, enchendo o meu coração de felicidade, porque ele pode ser qualquer coisa neste mundo, mas jamais poderá me fazer feliz do jeito que você me faz, porque ele nunca será o meu bem mais precioso, a pedra mais rara da minha vida, ele nunca será... Você!
Meu amor, minha vida, meu LAR.

Maria Amélia


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Eu me sinto tão sozinho

Eu me sinto tão sozinho
E você não parece se importar
Está por dentro dos meus olhos
Abraçando a minha alma
Esse sentimento me estrangula
Aperta a garganta um pouco mais
Mas não parece o suficiente
Você espera palavras
Mas não quero palavras
Você espera razões
Mas não quero razões
Você espera motivos
Mas não quero motivos
Eu só quero não ficar sozinho
Só quero não ficar triste
Porque todas as noites
A alegria de te ter me deixa
E todas as lembranças voltam
Eu me sinto tão infantil
Mas quero um abraço
Eu me sinto tão sozinho
E você não parece se importar
Não quero saber de palavras
Não quero entender situações
Quero apenas sentir um aperto forte
Entre os meus braços
Mas não é possível
Não quero ser comportado
Eu não quero entender nada
Quero abrir os lábios e gritar
Quero sair voando sem minhas asas
Quero atingir o chão com força
Se isso te fizer me ouvir
Se isso te fizer me entender
Que no fundo é solidão de amor
A pior de todas que existe
Porque eu estou sozinho
Eu me sinto tão sozinho
E você não parece se importar
Como eu me sinto assim
Porque se pra você
Tudo está bem
As peças pra mim
Não se encaixam
Eu me sinto perdido
E você não parece ver
Eu me sinto tão sozinho
Eu me sinto tão sozinho.

Leonardo Ragacini

domingo, 14 de julho de 2013

Cotidiano

Em muitos momentos do cotidiano, 
tenho me sentido sozinha 
e a estrada da vida me parece cada vez mais vazia, 
sem cor, sem flores, sem vozes e cantos, 
sem  vida, enfim.

 E nela só percebo a mesma velha poeira
 que me encobre e faz arder os olhos, 
que volta e meia se levanta e se abaixa,
 mas que sempre me cega em 
qualquer um dos movimentos...
 A mesma poeira da rotina 
que me faz por vezes chorar.

 Sinto-me sozinha, de novo e de novo... 
e de velho também,  se assim posso dizer.
De velhos dos tempos e 
de velhas lembranças apagadas 
e também empoeiradas, 
na minha mente tão ocupada de teorias 
e tão vazia de sonhos.

Porém sinceramente, 
Aos 20 outonos da vida, 
Ainda acho bobagem essencial
sonhar com a primavera... bobagem,
Ainda mais quando se há de lutar bravamente
para sobreviver  ao inverno que todo ano 
de nós pobres, rouba as energias internas para 
Dissipar o inútil das máquinas, mas vital: calor valor.

N. Bonani


sábado, 13 de julho de 2013

Tempestade

Às vezes precisamos compreender
Que grandes amizades foram perdidas 
Durante as turbulentas tempestades,
e que não há mais corpo para se recuperar
Quando o mar já está novamente sereno.

É nesse momento dinâmico e único,
que sentimos a imensa tristeza
de não termos, no breve pretérito,
 nos afogado na imensidão azul escura.

Há um mundo inteiro desabando,
assim que pisamos conscientemente em terra firme
Mas a única coisa que sentes que já desmoronou
Foi seu coração. 

Não há mais amigo para escutar ou 
te buscar em algum lugar nos escombros... 

E quando finalmente consegue se erguer,
Pela força que só a esperança ingênua dá,
 já não pode ver a própria alma diante de tudo que já viveu.

N. Bonani


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Águas de Janeiro

2013

Minha vida é chuva!
 É energia cinética 
desabando dos altos dos sonhos, 
Precipitando tristemente 
em lágrimas molhadas de realidade.

Meu corpo chuvoso mistura-se a sujeira 
das ruas impregnadas de gotas infinitas
 de preconceito, repressão, violência,
 mas também gotas de carinho, humor, 
felicidade... Amor?  
Altos de depressão.

 Gotas tomando e fazendo parte de minha vida,
 dissolvendo-se em meu cotidiano 
sem nenhuma permissão; 

E quando brilha o sol, 
eu sublimo em esperança,
mas se o sol persiste 
me perturbo em tempestade
E precipito novamente... 
Onde estão as outras partes de mim?

E eu e tu e todos fluem e 
se misturam;  se mesclam também 
os bons e ruins sentimentos...  
Agora somos todos gotas turvas.

E eu nunca quis ser todos,
 Queria ser apenas “eu”, e
“Eu” pode ser qualquer um, 
basta mudar o falante que fala de si próprio...
-Mas “eu” não quer ser um qualquer!  
-Você entende? 
-Talvez “Eu” entenderia se não estive tão turvo.

N. Bonani


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Inquietos

2011

Não resisto mais 
a tanto terror nas cidades
Todos são hipocritamente sábios
Mais escorregam em omissão pelo egoísmo

Os livros tremem freneticamente
Nas prateleiras empoeiradas,
os escritos não resistem mais ao 
desejo de espalharem seus segredos pela
grande cidade perturbada.
Não podem ficar tanto tempo
Guardados e monopolizados...!

Quantas palavras foram deturpadas,
queimadas e modificadas
pelas chamas da ambição?

Olhem as cores nas frestas obscuras, 
Cacem como devoradores
Deleitem-se do saber!

O dia vai cair para nos salvar da
luz solar radioativa,  vai nos presentear
com um crepúsculo eterno que permanecerá 
para além do dia em que possamos olhar para o céu
o dia em que voaremos até queimar nossas asas de cera;
 e não decairemos como anjos que negaram obediência 
as leis  da velha perspectiva humana de universo.

N. Bonani


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Paradigma das mudanças

Porque agora o corpo estremece,
mas não é por falta de abraços que ele adoece,
e sim pelas pressões da vida...
tão rápida e tão querida
(Que o valor da sabedoria, ensinou a cultivar).

Porque agora a cabeça enlouquece,
mas não é por aquela constante prece,
e sim pelo ceticismo que me acompanha 
em qualquer lugar dessa cidade estranha.

Porque agora o coração pulsa mais forte,
 não esperando do destino a Sorte,
mas sim pela corrida para o dia aproveitar.

Porque a insônia agora é frequente,
não pelo amor que em mim é ausente,
mas sim pelas dúvidas que vivo a carregar
do futuro incerto que não suporto esperar.

As sensações são as mesmas,
os motivos não são. 
A única coisa que permanece inalterável
é a nostalgia daquela velha canção.

N. Bonani


terça-feira, 9 de julho de 2013

Nublado

Um dia cinza e levianamente sem fim...
Que me encanta com a maneira
De ter o bom senso de amanhecer assim.

Obrigada querido Dia
por resplandecer da cor que eu queria;
Porque só com uma paisagem de pálida cor
eu posso ser capaz de esquecer este estúpido amor.

O tic-tac do relógio
E o som de sua chuva lá fora
Fazem o ritmo dá canção
Que vem sem palavras e vai embora.

Mas um dia, meu bom Dia,
o meu dia será laranja como seu fim.
Mas o que pode lembrar essa cor,
além de flores no jardim...?


Desculpe-me querido Dia,
mas hoje não desejo você;
mesmo cinza pálido e belo,
prefiro em minha cama
mais um pouco "morrer"...

N. Bonani


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Solidão

2009

Olá, Solidão.
Há tanto tempo acompanha-me nos caminhos
E eu nunca sei como está...

Mas sei que sempre está
Constantemente em minhas partidas,
Tão constante que se tornou amiga,
A mais vazia e presente que tenho...

Andei pela chuva, no meio da rua
E você estava ali,
 tornando-me tão você
Que eu sentia-me só... 
Sentia-me solidão. 

E a chuva nos uniu,
 Numa dança resplandecente...
 Eu já não sabia mais como viver sem ti.
Naquele momento então senti 
 Que sem ti, já não mais eu seria
Já não existiria e seria mais vazia
que você sem mim. 
Porque somos cúmplices
De mundos iguais e distantes.

Minha tão presente Solidão...
Sua presença,
É minha ausência;
Sua indiferença 
É minha compaixão
Porque sua companhia
 É o meu vazio
Porque o seu você,
 É o meu por quê.
Porque tu és amiga, 
Mas por que solidão?

N. Bonani


domingo, 7 de julho de 2013

It’s over

A última magia decaiu.
O último encanto foi quebrado.
 A última dança foi aplaudida.
O espetáculo acabou.

Não há mais o que fazer... 
Apenas ir embora
Voltar à vida...
Sair do êxtase, que não deixava ver as verdadeiras faces

Sair desta alucinação circular fosforescente
Que encantava os olhos e 
Mantinha a falsa calma...
Segurava a mão, 
Enquanto deixava cair a alma!

A fumaça se expandiu, o amargo retornou
O sonho foi para seu próprio mundo, 
e me deixou sozinho no meu...

E todas as ilusões foram desmontadas, 
Mudaram para um longínquo lugar
Pouco a pouco, como num circo
Foram para outros se apresentar.

N. Bonani


sábado, 6 de julho de 2013

Não mais a mesma

Dos últimos versos não me recordo,
Nem da gramática fria...
-Não mais a mesma-
Dentro de mim: apenas uma sala
(Que permanece sempre vazia...)

Não tenho paciência contigo,
Não tenho vontade de sair
Recorde-me apenas:
Como se faz para sorrir?

Nunca quis tanto estar longe de mim,
Nunca desejei tanto te esquecer;
A dor sublime dos meus autoflagelos não conforta mais
Qual era a sensação de viver? 

Amor? Paixão? Alegria?
Palavras que não fazem mais sentido.
Sinônimos de lembranças vagas
De grandes momentos com 
um  velho am... igo.

N. Bonani


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Aprendiz negligente

2008

Com a luz ofuscante de meu quarto,
Que traz a claridade nebulosa de um sonho
Perco-me em meus pensamentos...
Em meio aos livros... Onde estudo,
Não consigo concentrar-me na transposição da alquimia...
Nem nas funções das equações...

Viajo na geografia dos países escandinavos
Vejo-me ao teu lado,
Feliz com meu presente (vindouro presente)
Que se indefine pelas linhas
De um texto sem nexo,
De pensamentos confusos,
De sonhos ainda não realizados.

Apenas mais uma pequena pausa para uma reflexão.
Mas logo volto, não posso parar,
Não posso o meu almejo deixar de conquistar... 
Então que se vá inspiração, 
Que me volte concentração!
Que a imaginação venha na hora certa
E que eu não me perca mais 
Nesta busca de resposta incompleta. 

N. Bonani


quinta-feira, 4 de julho de 2013

O fascínio da era romântica e suas formas naturais

O melhor momento para esquecer os problemas, a rotina chata e acinzentada da cidade de São Paulo com certeza seria dar lugar a um cenário com a natureza em seu mais alto nível de romance, beleza e esplendor.
O que dizer das mais lindas telas em sua profunda harmonia com semblantes, cores intensas e movimentos trazidos, não das mãos de um pintor, ou mente em que arquitetou o quadro. Mas, sim, a inspiração que veio de dentro de si, da alma.
É justamente o que o MASP trouxe com a exposição Romantismo: A arte do entusiasmo, curadoria do Teixeira Coelho.
Há pinturas em que você não se identifica e logo passa rápido, e em outras ocasiões o conteúdo do quadro faz com que pare, analise, reflita e contemple cada traço e qual a mensagem a ser transmitida. É nesse momento, em que você perde as horas do relógio e o tempo passa a não ser o mais importante, somente a conversa entre vocês é o que está com o presente.

Aspectos da Arte 

As características do Romantismo são justamente belas paisagens de natureza, com muitas árvores, lagos, animais e pessoas nesse convívio. Como no quadro A catedral de Salisbury vista do jardim do bispo, o pintor John Constable, expressou uma bela e grande igreja. E a colocou no centro do quadro, com muita luz em meio a tantas árvores, suas folhas em movimento, como se ele tivesse retratado exatamente esse tempo em que se moviam, tratam-se além de dar vida a uma árvore, simplesmente pintou a vida. Essa obra foi realizada no período clássico do Romantismo e representa dois temas caros ao movimento. A natureza por toda a parte e a presença do homem, não só por ter um casal próximo, mas pelo o que a catedral representa a cultura nas mãos do homem. A moça e o rapaz entre esses dois mundos, ambos fascinados com a bela visão. 
A perspectiva do quadro é fascinante. A cachoeira de Paulo Afonso, de 1850, como o próprio nome sugere uma multidão de gotas que descem uma imensa pedra. Mas, não é apenas uma cachoeira, e sim, algo que nos remete a ideia de estar longe do horizonte. Sabemos que o sol está presente, pelas sobras e o pintor E.F. Schute direciona nosso olhar para a cachoeira e só muito tempo depois conseguimos perceber o que está mais adiante em sua pintura e nos detalhes. Os homens retratados na obra são tão pequenos e há uma delicadeza em sua forma. É o que somos perante a natureza e as obras de Deus. Há uma citação em que li momentos depois de analisar o quadro e descreveu em seu mais perfeito a imperfeição da ausência de minhas palavras: “Você se reconhece ao silêncio, perdendo-se na infinitude do espaço. Sente a calma límpida e a pureza que invadem seu ser. Você não é nada, Deus é tudo.”. (DM). É importante que tudo do passado tenha sido registrado, pois a pintura conta a história, a nossa história. O passado ali, em uma obra, está vivo e bem representado. É a memória eternizada.


Silhuetas e semblantes da arte 

Os pintores retrataram corpos de pessoas que não obtinham um padrão escultural, belo e perfeito. O corpo romântico tomou formas arredondadas, grandes, que se torce e contorce. Como na obra, Banhista enxugando o braço direito (Grande nu sentado), em 1912, de Pierre- Augusterenoik. 
Pessoas nuas em sua intimidade sem corpos eretos ou algo que remeta um tipo de padrão de beleza, mas não deixa de ser belo. 
O Romantismo descobre o indivíduo, a pessoa como princípio instaurador, nesse momento o artista encontra o semblante de pessoas existentes e não apenas de um ser humano ou uma humanidade abstrata. Afinal, as pessoas existem. É algo subjetivo, pois irá retratar o aprendizado de uma verdade, o que determinada pessoa representa. Podemos descrever uma pessoa como triste, feliz ou cansada, simplesmente por enxergar a verdade transmitida através de seu semblante, a transparência de seus sentimentos entregues em sua face. Isso tem que estar em evidência na obra de arte, qualquer lado interior tem que emergir da pessoa retratada.
Uma mulher de rosto simples, uma beleza pálida e meiga, assim é retratada o quadro Renée, 1917, a mulher expressa uma calmaria. 
É visível o zelo de selecionar as mais belas obras de arte, conhecer uma cultura, um espaço diferente. Esses são alguns elementos que enriquecem não apenas nossos olhos, mas também a história que está como plano de fundo. 

Ficha Técnica: 
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) 
Exposição de arte: Romantismo: A arte do entusiasmo 
Endereço: Avenida Paulista, 1578. Acesso a deficientes. A bilheteria fecha meia hora antes. As terças-feiras acesso gratuito.
Horário: De terças-feiras, domingos e feriados, das 11h às 18h e às quintas-feiras das 11h às 20h.
Ingressos: R$15. Estudantes R$7. Gratuito até 10 anos e acima de 60 anos. 
Realização e montagem: Equipe MASP 
Curadoria: Teixeira Coelho 
Patrocínio: Banco PSA Finance Brasil
Apoio: Lei Federal de Incentivo à Cultura/ Ministério da Cultura
Informações ao público: www.masp.art.br
Telefone: (11) 3251-5644

Vanessa Silva

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os dois lados do mesmo jogo

Por Vanessa Silva


A Editora Record lançou mais uma obra de Sidney Sheldon, dessa vez junto com a autora Tilly Bagshawe. “O reverso da Medalha” tem uma continuação, da saga da família Backweell – “A Senhora do Jogo”.

 Sidney Sheldon usou em sua obra, a presença feminina, que tanto gosta e compõem seus romances. Porém desta vez, usou mais de uma personalidade feminina para enaltecer sua obra.
O que dizer das adoráveis e por vezes detestáveis Lexi Templeton e Eve Blackwell ou o sobrenome Webster, depois do infeliz casamento, onde nasceu seu filho Max Webster.
Essas mulheres transbordam de manipulação e beleza para conseguirem tudo o que querem. No decorrer da história, vemos o poder que a empresa Kruger – Brent tem sobre a família. Não só por obter um alto padrão de negócios, gerando riquezas em diversas áreas. Mas, também como nasce um desejo, um vício, uma paixão em conduzir esta empresa, tomar posse de tudo e todos.
A ganância transgrede qualquer ser humano e as possibilidades de manter a paz interna são impossíveis, quando se quer controlar tudo e driblar os adversários da própria família. São como peças de tabuleiro que preenchem seu jogo obsessivo pelo poder.
Sheldon devia com certeza ter usado o plural no título do livro “A Senhora do Jogo”. São perceptíveis as várias “senhoras” que conduzem a trajetória de suas e mais vidas. São persuasivas, calculistas e frias, em alguns pontos. São capazes de se esquecer, sacrificando-se, só para dar lugar a grandiosa e magnífica Kruger-Brent.

Inocência transgredida 

Ao nascer Lexi Templeton estava fadada a sofrer e superar desafios. Sua mãe Alexandra Templeton morreu ao dar a luz. Seu pai nunca superou a morte da esposa e sobreviveu em meio a conflitos internos e, mergulhado ao álcool.
Aos oito anos de idade, Lexi foi sequestrada dentro de seu próprio quarto. Vestia apenas uma camisola, frágil e indefesa, era apenas uma criança. Mas, muito inteligente e sagaz. Durante o sequestro, seu pai ficou desesperado e acionou a polícia para iniciar as investigações e saber sobre o paradeiro da filha caçula.
Depois das buscas, eles chegaram tarde ao cárcere, a menina teve sua inocência transgredida e violada por um dos homens. “Uma das mãos cobria sua boca, mas Lexi pôde sentir a outra metendo-se embaixo de sua camisola. Não! Uma dor profunda entre suas pernas encheu seus olhos de lágrimas.
Após o estupro, o esconderijo foi explodido por uma bomba, esse estrondo tirou durantes anos a audição da jovem Lexi. O que não impediu a garota de se vingar de seu sequestrador e de ingressar sua busca incansável em atingir o poder da Kruger- Brent. Os fatos a tornaram mais forte e capaz.
Seu primo Max, era por quem sempre teve uma atração, com certeza esse fator atrapalhava seus planos. Dividida constantemente, entre o amor e a razão. "Uma mulher notável, de uma família notável. Todos conhecemos a coragem e a integridade de Lexi Templeton. Sua força, sua determinação, seu tino para os negócios, sua honestidade..." Todos conheciam sua trajetória de vida, a imprensa se encarregou de divulgar todos seus erros e acertos, além das experiências traumáticas em que viveu, quando seu pai apontou a arma para ela e seu irmão Robert.
Max a pedido da mãe, sempre tentou de alguma forma impedir Lexi de conquistar a confiança dos acionistas da empresa. Revelando as peripécias sexuais da prima, com diversos homens e lugares inapropriados. O que abalou a imagem da mulher de negócios. A vida de Lexi desabou, por vezes, mas era apenas para constatar a magnitude de sua inteligência.

Amarguras e desavenças familiares 

Eve Webster sempre teve inveja de sua irmã gêmea, Alexandra. Então direcionava seu ódio para sua sobrinha Lexi, já que alguns anos depois a irmã morreu.
Nessa saga, percebemos os conflitos internos que os personagens vivem diante da obsessão e paixão.
Max Webster vê sua própria mãe como uma deusa, deseja a todo custo tocá-la. O incesto é algo que o menino, desde muito novo, não sabe administrar, nem mesmo compreende o se passa em seu interior. Max é manipulado o tempo todo e tem uma cobrança dentro de si, de jamais fracassar com seu amor por Eve. Fica perceptível a agonia do garoto nesse trecho. “Max esperou até que a mãe tivesse dormindo profundamente. Então, ficou deitado acordado, sorrindo, lembrando-se da expressão de surpresa no rosto do pai enquanto caía. Agora você é o homem da casa. Nunca mais vai precisar me dividir com ninguém.
Ao conviver com Lexi Templetor percebe como são parecidas fisicamente, demora muito tempo para admitir a si mesmo o amor que sente por Lexi.

Senhoras e senhores do tabuleiro

Sheldon nos apresenta às personagens incríveis, no primeiro livro da saga “O reverso da medalha” consegue deixar todos aflitos pela conquista de Jamie McGregor. Esse personagem construiu a Kruger-Brent, após ir para a África do Sul, em busca dos diamantes. Sofreu muito, foi enganado diversas vezes e perdeu os diamantes, entretanto, não desistiu e após quase perder a vida, transmite uma mensagem de perseverança. Torcemos a cada página por sua persistência e paixão pela luta. “Resvalou a consciência, de onde foi despertado por uma agonia terrível, insuportável. Alguém estava lhe esfaqueando a perna. Jamie levou um segundo para recordar onde se encontrava e o que estava acontecendo. Entreabriu um olho inchado. Um enorme abutre perto estava atacando sua perna, arrancando selvagemente sua carne, comendo-o vivo, com o bico afiado. Jamie viu os olhinhos pretos e o rufo sujo em torno do pescoço. Sentiu o odor fétido do pássaro. Tentou gritar, mas nenhum som saiu de sua boca. Freneticamente, sacudiu-se para a frente, sentindo o fluxo quente de sangue a escorrer de sua perna. Podia ver as sombras dos imensos pássaros ao seu redor, aproximando-se para liquidá-lo.  Sabia que a próxima vez em que perdesse os sentidos seria a última. No instante em que parasse, os abutres estariam novamente devorando-lhe a carne. Continuou a rastejar. A mente começou a vaguear, delírio. Ouviu o barulho das asas dos abutres se aproximando, formando um círculo ao seu redor. Estava agora fraco demais para afugentar os pássaros. Não lhe restavam forças para resistir. Ele parou de se mexer e ficou imóvel na areia escaldante. Os abutres se adiantaram para o banquete.
Deixa-nos mais próximo de nossas próprias imperfeições. Compartilha a trajetória do personagem, com momentos inesperados e extremamente difíceis. Superação é apenas mais um tema que engaja a saga. Os personagens têm uma personalidade muito bem construída, com histórias de vida, como a da humanidade. Eles erram, caem e se levantam.
O fim de cada capítulo te obriga a ler o seguinte, pois é inesperado. Peguei-me preocupada com um ou mais personagens.
O autor deixa- o crescer junto com a história, é como se os conhecêssemos e desejamos saber como estará no próximo capítulo, se está bem ou infelizmente a vida lhe foi tirada. Constrói uma afinidade. Sheldon transforma toda a rotina de uma família feliz em uma desgraça inimaginável. Os sentimentos são arrancados de nós em cada página. As surpresas no decorrer são inevitáveis. “O primeiro banho na suíte real fora maravilhoso. Jamie ficara recostado na água quente, deixando que o cansaço se esvaísse do corpo, recordando os acontecimentos incríveis das últimas semanas. Fora apenas algumas semanas antes que ele e Banda haviam construído a balsa? Parecia que fora há muitos anos. Jamie pensara na balsa, levando-os até a placa “Sperrgebiet”, os tubarões, as ondas violentas, as minas, o imenso cachorro em cima dele... Os gritos abafados que ressoariam para sempre em seus ouvidos: “Kruger...” “Brent...” “Kruger...” “Brent...””. É apenas o início da construção de um império de negócios.

Detalhes de Sheldon 

Em suas obras Sidney Sheldon não conseguia enganar seus leitores, então em todos os lugares em que descrevia no livro “A Senhora do Jogo”, ele já esteve.  Deslumbra-nos com detalhes que se encarregam de unir as frases e deixar uma leitura extensa, mais leve, como um passeio.
A expectativa é realçada na passagem do livro, tantas coisas ruins aconteceram a Lexi que quando algo começa a desandar temos piedade. É o envelhecer juntos. E relembrar quando Max e Lexi eram crianças ou de seus nascimentos. Pois os acompanhamos até a velhice. O final feliz nem sempre está presente, isso chega mais perto da vida real.

Ficha técnica: Páginas 461. R$ 40. Editora Record.


terça-feira, 2 de julho de 2013

Razão de estarmos juntos

Não fomos feitos um para o outro
Mesmo no começo fomos diferentes
Pequenos e feios pedaços tortos
Raios, farpas e choques
Mas não é por isso que estou aqui
Quero dizer que a razão para eu te amar e amar de novo
De te abraçar e apertar de novo e de novo
Quero dizer que a razão deu amar dormir nos seus braços
Beijar e beijar você de novo e de novo
É que eu amo cada pedaço nosso
Porque cada um deles faz parte disso
E cada um deles me faz te amar
Eles são a razão de termos juntos
Aprendendo a cada novo dia
Como é construir um novo coração
Novas emoções e sensações
Eu aprendo tijolo por tijolo
E vamos continuar construindo
Até termos essa obra pronta
Escolhemos as cores
Mas a inspiração é livre
Mas isso não importa
Quero dizer que a razão para eu te amar e amar de novo
De te abraçar e apertar de novo e de novo
Quero dizer que a razão deu amar dormir nos seus braços
Beijar e beijar você de novo e de novo
É que eu amo cada pedaço nosso
Porque cada um deles faz parte disso
E cada um deles me faz te amar
Eles são a razão de estarmos juntos
Você pinta um sorriso nos meus lábios
Quando não existe uma piada
Você me faz maior do que sou
Quando me sinto um grão de nada
Você não se importa de viver
Com todas as minhas infinitas
Formas de ser um desafio.

Leonardo Ragacini

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Egoísta

Você me completa do exato modo que elas nunca completaram. Você é exatamente aquilo que esperava numa noite fria. Você sabe exatamente onde estão as chaves e o caminho. Você é inteligente suficiente por nós dois.
E não existe um momento em que não posso ter medo de perder toda essa perfeição, mas então eu acordo e percebo que é ilusão.
Logo todas as minhas defesas estão em alerta e não existe espaço pras melhores partes. Eu estou apenas fechando a concha e você é minha pérola perdida nas sombras. Eu sou aquela liga de aço dura e fria sem uma visão especial. Eu me comporto como criança que quebra seu brinquedo favorito de modo egoísta pra chamar a atenção e então entramos numa guerra. Eu choro e fico sangrando entre letras de músicas sem uma voz. E vivo nas ilusões de volta as minhas memórias e fantasias de quando éramos tão simples.
Quando foi que me tornei tão pobre em era um bom ombro amigo? Quando foi que me tornei tão sem esperança? Quando foi que parei de olhar pra você pra ver só a mim mesmo?

Leonardo Ragacini