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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Lembrando de você

Estava me lembrando de você, sempre me lembro.
No começo a saudade batia forte e doía no peito, quando te perdi, perdi junto um pedaço do meu mundo tão bonito.
Acho que nunca te contei isso, mas quando eu via você naquelas manhãs geladas, por pior que fossem você me animava e eu sabia que o dia seria bom, porque você estaria lá.
Quando eu pensava nas torturadoras matérias de cálculo, sabia que no fim valeria a pena, porque se encerraria com um dos seus textos tão brilhantes.
Quando eu tinha de acordar tão cedo para não chegar atrasada em suas aulas, eu acordava com um sorriso estampado no rosto e corria aquela ladeira abaixo, só imaginando qual carteira sentar para poder ficar mais próxima e sentir o seu perfume tão cítrico e gostoso.
Limão... Lembrava-me limão...
E eu nunca escovei tanto os cabelos quanto escovava todas às vezes antes das suas aulas, e eu nunca prestei tanta atenção em uma aula como prestava quando você aparecia.
Me senti amargurada quando você disse adeus, uma bola se formava em minha garganta, estava perdendo a minha maior inspiração e não tinha nada que pudesse fazer.
Hoje eu me lembro com real saudade, sempre será uma saudade gostosa, sempre vai me arrancar um sorriso dos lábios... Sempre vou invejá-la, sempre!
Mas hoje escrevo para você, escrevo por mim, pelo amor que senti, escrevo porque vale a pena lembrar.
Sempre vou te amar, é verdade, mas hoje vejo que está feliz e para mim, por hora, basta.
Amar você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Obrigada, meu eterno amor, por existir e ser quem é.

Maria Amélia



quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Carnaval - a festa pagã



Para meu Pai Curto

Juliana estava empolgada para aquela tarde, o samba no pé, o sacolejo, as pessoas rindo e dançando ao som do bom e velho samba.
Se olhava no espelho com certa vaidade, a maquiagem pesada no rosto e no corpo, iria se destacar no meio da multidão com tanto brilho pelo corpo.
Os olhos verdes sorriam de alegria, Sérgio estaria naquela festa e ela mal podia esperar pelo momento ideal para se jogar em seus braços e fazer dele seu eterno príncipe encantado.
-Vamos logo Juliana, vamos chegar atrasada menina!
Ana, sua melhor amiga berrava do andar de baixo, apressada.
-Já vou, já vou!
Juliana deu uma última checada no espelho em cima dos imensos salto altos antes de ir embora, estava confiante de que tudo daria certo.

***

A festa bombava, as pessoas estavam aos milhões, umas se esbarrando e se apertando nas outras para conseguir um mísero espaço naquele lugar que parecia ser tão imenso, mas que não suportava tamanha multidão.
Rostos felizes eram o que não faltavam, os casais se esfregavam e se amavam em um momento totalmente único, a bebida rolava solta e as pessoas pareciam estar em um outro mundo, em completo delírio.
José se alimentava daqueles sentimentos tão bons de prazer e alegria, há muito não sentia vida em seu ser e aquela época do ano lhe matava a saudade do tempo em que um dia viveu.
Ninguém poderia vê-lo e muito menos tocá-lo, o que lhe dava real saudade, mas não importava, aquelas energias já lhe eram suficientes em meio a sua atual situação.
José da Silva Barbosa, nascido e morador da grande Copacabana no Rio de Janeiro, lugar de praia, sombra e água fresca, mulher bonita e muita alegria.
Em vida, um homem muito enérgico e saudável, pau pra qualquer obra, no entanto sua atual situação era bem diferente, falecido em 1985 vivia agora às custas de pequenas energias que lhes era dada através de pessoas que estavam passando por situações difíceis e tristes, pegava o amargo do outro e fazia para si o doce.
Com toda aquela festança na cidade, poderia esbaldar-se o suficiente o equivalente de um mês no mínimo, por isso era tão apaixonado por aquela data tão incrivelmente calorosa, onde podia, com sorte, experimentar energias em níveis diferentes dos gringos que vinham se divertir e arejar um pouco a cabeça das vidas tão atribuladas que viviam em seus determinados países.
Os olhos negros e profundos de José deliravam com toda aquela movimentação, ele estava em casa.

***

Juliana sambava no meio de uma rodinha feita por homens de vários tipos e espécies, demonstrando o seu gingado, chamando a atenção das câmeras que tentavam focalizar todos os seus movimentos, mas ela só tinha olhos para um ser ali entre os milhares, o mulato Sérgio.
Com um copo de cerveja gelada em mãos, ele sacolejava perto de uma morena bombada, as gargalhadas e passadas de mão abusadas ficavam despercebidas em meio a tanta cor, mas não para Juliana, que irritada com a situação sambava mais e mais, os seios fartos balançavam e davam água na boca de qualquer masculinidade próxima a si, as mulheres competiam entre si para possuir o homem mais bonito, mais bem apessoado e afortunado entre aqueles da festa, mas Juliana só queria o seu amor, e determinada a tê-lo começou a se achegar para o lado da morena que ria e se esfregava no mulato.

***

José há muito não via uma mulher tão bonita assim, de olhos tão verdes e vivos, lábios rubros e um corpo... Que meu Deus do céu!
Lembrava-lhe imensamente de sua doce e amada mãe, que tinha olhos de cor semelhante.
Sentia uma forte energia irradiando dali, mas diferentemente da japa que lhe sedia aquele prazer imenso com o seu amargor interior, embora não fosse isso que mostrasse externamente, aquela ali lhe dava arrepios, e de certa forma... Medo. Ele simplesmente não sabia explicar o porquê, só sentia que precisava se aproximar o máximo que conseguisse.

***

Juliana viu tudo como se fosse em câmera lenta, quando Sérgio agarrou a mulher e a apertando contra seu corpo lhe deu um beijo profundo, caloroso, de tirar suspiros.
A felicidade em volta parecia ter desaparecido por completo, seu mundo estava destruído e sua noite estraçalhada.
Como se não bastasse à mulata começou a acariciá-lo, bem ali, no meio da festa, sem pudor algum e aquilo era demais para Juliana que se preparara tanto para aquele homem.
Assim, sem pensar em mais nada simplesmente saiu e largou para trás todos os seus sonhos.

***

José observava as atitudes da menina e percebia o quanto ela se sentia mal, mas aquele sentimento diferentemente dos outros, não lhe agradava, era como se ele precisasse ajudá-la a qualquer custo.
Quando deu por si, já estava ao seu lado, os lindos olhos dela agora tristonhos e chorosos, sentiu vontade de lhe dar um abraço apertado, depois de todos aqueles anos ele não acreditava que ainda tinha a capacidade de ter um sentimento tão puro e bom como aquele.
Assim, quando a jovem se jogou chorosa na cama, ele simplesmente se sentiu doando um pouco de toda aquela sua energia para a pobre alma, vendo-a por alguns instantes se recompor, não sabia o porque, mas simplesmente queria ajudá-la e aquilo bastava.

***

Horas se passaram até finalmente a moça cair em sono profundo e poder conversar com José que se mantinha parado em frente a sua cama, quando percebeu que ela estava se libertando do corpo para fazer os passeios noturnos seu rosto se encheu de alegria, aquela seria a sua oportunidade de conhecê-la...

Continua...

Jéssica Curto

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Seus dedos


Queria tanto estar com você e tocar meu rosto com a ponta dos seus dedos, mas não estamos na mesma realidade e só tenho palavras para dizer sua falta. Volte para perto de mim e tire o silêncio que existe dentro de mim. Me faça sentir teu em outra ocasião e em uma outra verdade. Abra seus braços para mim.

Leonardo Ragacini

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Falta de você aqui

Esperando para te ver. Unindo os meus passos para te encontrar. Tento me distrair, mas continuo nessa vontade de ver você. Meu amor não quer entender que não vai te ter aqui, porque quando você vai embora, uma parte de mim se vai. Dói ficar e amar você. Tento pensar em outras coisas, mas não consigo me trair. Como posso te esquecer quando você está em cada parte de mim? Quero te prender nos meus braços. Me ame e me adore aqui. Você vai e fica no meu coração essa falta que tanto dói.

Leonardo Ragacini


domingo, 27 de janeiro de 2013

Até aqui


Não importa como penso
O que me coloca para baixo
Quando você está comigo
Eu me sinto nas nuvens
Não importa todas as provas
Nem todos os caminhos
Que fazemos até aqui
Quando estou com você
Todas as bandeiras brancas
Estão no mais alto ponto
Todos os conflitos
Estão porta a fora
Porque você é o que preciso
Para continuar caminhando
Um novo dia e um novo desafio
Uma nova distância
Não importa
Se eu puder
Falar com você
Porque você me faz feliz
Me faz sentir nas nuvens
Me trás os sonhos de volta
Carrega meu coração
Acaricia toda minha pele
Como uma brisa.

Leonardo Ragacini

sábado, 26 de janeiro de 2013

Eu quero sentir você

Eu quero cravar
Meus dentes na sua nuca
Arrancar suas roupas
Com minhas garras
Prender os seus cabelos
Com a força das mãos
Te colocar embaixo de mim
E te sufocar
Eu tenho fome
De sentir seu cheiro
O calor que corre
No seu corpo
Entorpece
Quero sentir minha carne
Junto a sua
Pressionando
Eu sou como
Um lobo faminto
E você é como minha caça
Meu doce inocente coelho na floresta
Quero sentir a maciez da sua pele
Sinta o fogo nos meus olhos
Bons predadores surpreendem as presas
Eu quero te meter em problemas
Porque quando eu for atrás de você
Melhor me dar aquilo que tem de melhor
Eu sou um lobo caçando na floresta
Você é minha presa favorita
Eu sinto o seu cheiro pelo caminho
Eu sigo as suas pegadas para outro dia
Quero, eu quero sentir você.

Leonardo Ragacini


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Lobisomem Envenenado

Luigge tomou um gole do seu vinho seco e ajeitou a camisa no corpo antes de levantar.
Deu uma olhada como estava vestido, não que isso fizesse diferença. Como lobisomem ele podia usar de seus truques de Lobo da sedução, mas gostava de fazer as coisas à moda antiga. Ele vinha da terra do amor e se sentia na obrigação de ser um cavalheiro, às vezes.
Ela estava olhando para ele a noite toda e isso começava a instigar a sua vontade de brincar um pouco. Lobos maus correndo atrás de humanas em uma noite comum em um lugar qualquer, cantarolou baixinho para si mesmo. A moça era bonita e não aparentava mais de vinte e cinco anos. Loira natural, unhas vermelhas, longas como garras e um corpo estrangulado dentro de um vestido que marcava tanto suas curvas que se tornava parte de sua pele. Azul, sua cor favorita.
Um arrepio familiar correu pelo corpo de Luigge. O instinto de lobo está gritando para ele seguir o mais depressa para jogos mais profundos dentro da bela loira, mas existe alguma coisa irritante dentro desse desejo, como um alerta por cima. Uma armadilha? Seria ela mais alguma aberração noturna como ele?
Quando chegou perto o suficiente da moça, sentiu uma estranha sensação que o deixou meio tonto. O perfume dela. O cheiro que vinha da pele dela e não podia ser uma combinação de cremes ou essências. Era dela. Uma onda intensa de atração atacou seu cérebro e o lobo dentro de si começou a cravar suas garras dentro de sua alma. Sentiu suas unhas começando a formigar e se afiar como garras, mas se concentrou para dominar o que sentia.
Finalmente ambos ficaram perto o suficiente para conversar. Perto até demais.
-Eu pensei que nunca iria falar comigo - Disse uma voz meio infantil, mas que parecia uma canção. - Me diga seu nome... Não seja indelicado - Sorriu.
-Luigge - Luigge quase engasgou ao responder. Uma pontada do seu sotaque italiano passado escapou de forma natural nas vogais.
Seus olhos azuis estavam como presos dentro dos olhos cor de céu da sua vítima. O azul dos olhos dela eram os mais profundos que tinha visto em uma pessoa. Intensos. Era como ter um oceano dentro daqueles olhos com uma correnteza capaz de puxar para alto mar.
-Italiano? Deixe-me adivinhar... Está aqui para o carnaval - A voz dela soou de forma casual, mas Luigge sentiu uma ponta de malícia que não soube explicar.
-Eu moro aqui há algum tempo - Luigge respondeu. Sua voz soava estranha para ele mesmo. De repente a intensidade de caçador tinha sumido e ela parecia estar jogando com ele agora.
-Antes que você pergunte, meu nome é Sirena e sou uma estrangeira também - Ela sorriu e uma fileira de dentes brancos apareceu. Tão perfeitos que doía só de olhar para eles.
Luigge sentiu um mal estar rápido como se fosse atingido por algo na cabeça e fosse desmaiar, mas se recuperou rápido daquela sensação. O lobo dentro de sua alma recuou e ficou no canto mais afastado como um cãozinho acuado. O que estava acontecendo?
-Você costuma sempre encarar mulheres dessa forma estranha ou está tentando me hipnotizar com seus belos olhos azuis? O que você é Luigge? - A voz de Sirena pareceu entrar no seu cérebro e vasculhar o que podia como um relâmpago.
Os olhos dela ganharam um brilho de luar e Luigge podia jurar que via as ondas do mar se movendo dentro da íris celeste de Sirena. Por mais que ele quisesse desviar o olhar, seus olhos pareciam fixos nos dela como uma cobra pega pelo som da flauta do encantador.
-Lo...
Luigge levou as mãos à boca o mais depressa que pode. Era uma criança que quase havia dito um palavrão perto da mãe e percebia a tempo isso.
Merda! Pensou Luigge. Ele quase havia contado a uma estranha o que era e podia jurar que era justamente isso que ela queria saber pela forma como um sorriso diabólico se desenhou em sua mente.
-Lo... Louco - Sirena riu. - Estou conversando com um italiano demente dentro de um barzinho. Realmente a vida é uma surpresa - Sirena não escondeu a ironia dentro do ar de brincadeira.
Luigge sentiu de novo aquela sensação de receber uma pancada na cabeça e cambaleou um pouco para a esquerda. Seus olhos se fecharam e por um segundo ele não olhava para os olhos de Sirena e podia sentir sua natureza de lobo se mexer dentro dele emitindo um alerta de retirada. Aquela mulher não era humana. Era alguma coisa perigosa que estava brincando com ele.
-Boa noite! Tenho que ir – Luigge disse. – Correu os olhos para qualquer direção que sabia que não encontraria os olhos de Sirena.
-Não seja indelicado mocinho! Não pode me deixar sozinha enquanto estou me divertindo. Olhe para mim agora – Sirena cantou suas últimas palavras como uma melodia doce.
A voz dela penetrou dentro de cada fibra de Luigge e ele sentiu sua energia sumindo de novo. Se virou para ela e deixou aquele malditos olhos oceânicos o prender em alguma espécie de jaula invisível.
-Eu nunca provei um Lobisomem antes.
Luigge não teve tempo de reagir ao que tinha ouvido. Sirena se atirou em cima dele e cravou seus lábios de traços suaves e macios nos dele com violência. Ele sentiu a língua quente dela, mas aquilo não era só um beijo. Ele sentia perfeitamente um gosto amargo em sua boca. Aquilo que saia da boca de Sirena não era saliva humana, era algum tipo de veneno que estava injetando nele como uma serpente.
O mundo começou a rodar devagar e Luigge sentiu que ia cair no chão quando mãos poderosas se prenderam ao redor de seu pescoço e ao redor da sua cintura. Tudo se tornando distante e por fim escuro.

A fuga da Sirena

Sirena segurava o corpo de sua presa como se fosse uma marionete. Ela sabia que parte dele estava consciente e sobre o seu controle, mas era incapaz de fazer qualquer coisa sem que ela permitisse. Ela tinha meia hora até o veneno começar a perder o efeito.
Homens humanos eram mais fracos ao seu beijo venenoso, mas outros seres da noite como ela possuem algum tipo de agente que impedia que ficassem muito tempo intoxicados.
-Lobisomem – Sussurrou baixinho para si mesma – Nunca provei um lobisomem antes. Dizem que alguns chineses gostam de comer cachorro. Você vai ser o meu cachorro Luigge. Meu cachorro quente italiano.
Sirena arrastou o corpo de Luigge até a saída do bar e usando do seu poder de controle fez com que todos os humanos presentes ignorassem sua presença e o que acontecia a sua volta. Ela poderia devorar ali mesmo se quisesse, mas ela gostava de coisas bem feitas.
Sirena alugou um quarto de hotel perto de onde era o bar. Ela não gostava de caçar muito longe de seu ''covil'', pois os anos há deixaram preguiçosa. Ela fazia isso desde a Grécia Antiga e estava começando a ficar sem ideias para joguinhos de sedução.

Alucinação

Luigge mergulhou num mar de tranquilidade. Ele não tinha a menor ideia de onde estava, mas a sensação era muito gostosa. Abriu os olhos devagar e viu que se encontrava em mar aberto numa noite de lua cheia. Estava nu, mas isso não o incomodava. A água o cobria como uma roupa aconchegante após um banho quente. O cheiro salino do mar entrava pelo seu nariz e trazia arrepios gostosos pelo corpo todo. Olhava para o céu limpo e estrelado e sentia parte daquele momento único.
Nada importava, nada. Ele sabia que aquilo não estava certo. Toda aquela perfeição não podia ser natural, mas sua mente e seu corpo não ligavam para a ilusão. Tão aconchegante. Perfeita.
Ele esticou o corpo e tentou nadar um pouco, mas percebeu que seu corpo não se movia sobre a água. Ele estava boiando sobre ela de costas. Uma sensação desesperadora começou a oprimir a sua garganta e antes que ele pudesse pensar veio uma dor aguda. Uma dor monstruosa que quebrou todo o encanto daquele momento perfeito.
Seu ombro parecia estar sendo perfurado por pequenas agulhas afiadas e o impulso de dor corria em impulsos elétricos. Por instinto queria atacar qualquer coisa que causasse a dor, mas não tinha forças para isso. Queria se debater ou pelo menos gritar.
Abriu os olhos para o infinito céu acima de si e procurou a lua, mas ela não estava lá. Ele só via as estrelas. Então fechou os olhos com toda a força e gritou com o animal dentro de si. Procurou o espírito do lobisomem no mais fundo da sua alma e pediu sua ajuda. Pediu a ajuda dele e num lampejo ele respondeu. Luigge sentiu a força do lobo sobrepujando a dor e todas as sensações sumiram.

Despertado

-Desgraçado!
Luigge ouviu aquele grito de dor e raiva um pouco antes de abrir os olhos.
Sabia que seu ombro sangrava porque o cheiro do seu sangue ajudou que recobrasse parte da realidade a sua volta. O mundo era meio embaçado e lento. Era como se todas as luzes e cores fossem fortes demais para ele.
-Lobisomem maldito. Vou devorar você causando muita dor. Veja o que fez!
Antes que Luigge pudesse pensar, o Lobo dentro de si reagiu a uma ameaça e num salto rápido ele pulou para longe da sombra que investia em sua direção. Luigge então percebeu que se encontrava num quarto grande de algum hotel. Ele estava deitado numa grande cama de lençóis brancos que agora estavam manchados com seu sangue. Tocou seu ombro e sentiu os exatos pontos em que a pele tinha sido perfurada por alguma coisa afiada.
-Você não vai escapar!
Luigge apenas reagiu por instinto ao se desviar novamente da ameaça que ainda era um borrão. Seus olhos estavam começando a se focar, mas seu olfato de lobo sentia o cheiro de mar. Água salgada, maresia e alguma outra coisa perigosa.
Luigge sentiu o formigar em suas mãos e sentiu quando suas unhas viraram garras e seus dentes se tornaram pontudos como presas. O lobo uivou para seu predador e então o atacou com golpes de suas garras. Luigge sentiu o espírito do lobo arder dentro dele como uma chama querendo dominar sua mente por completo.
-Ahhhhhhhhhhhhhh – Gritou uma voz grossa e irregular.
Os olhos do lobo ascenderam num lampejo e sua visão voltou a ser mais clara que antes e o seu predador ficou focado. Luigge não via mais através dos seus olhos e sim através dos olhos do lobo que era parte de sua alma.
Sirena estava caída no chão do quarto do outro lado. Seu vestido estava rasgado e manchado de sangue, mas algo estava errado. Ela não era nem de perto a moça sensual que era no barzinho. Sua pele era feita de escamas verdes e seu cabelo era como algas marinhas gosmentas. Da sua boca descomunal e anormal de tão grande, pendiam dentes pequenos e afiados como pequenas serras e sua língua era anfíbia.
-Vou acabar com você, lobisomem! Veja o que fez com meu lindo rosto. – Sirena tocou o lado esquerdo do seu rosto que havia sofrido cinco profundos cortes que o tornaram mais medonho do que era agora. – Eu sou um espírito antigo das águas e você não pode comigo.
Um tremor correu o corpo do lobisomem e Luigge sentiu que ele e o Lobo sabiam que aquela coisa que vinha do outro lado do quarto era uma ameaça. Luigge permitiu que o espírito do lobisomem tomasse seu corpo.
Seus olhos azuis se tornaram celestes e sua íris se dilataram como se fosse uma lua cheia num céu azulado. Seus dentes se alongaram e se afiaram como armas. Seus dedos se alongaram e suas presas ficaram maiores e mais perigosas. Todos os sentidos foram elevados e agora ele podia ver de fato o que era Sirena.
O cheiro de Sirena agora denunciava todo o mal que antes ela conseguia encobrir. O lobisomem podia sentir o cheiro ocre do veneno dentro daquela boca horrenda e que o tinha derrubado antes.
-O que é você? – A voz do lobisomem soou quase como algo gutural. Quando o espírito do lobo tomava o corpo de Luigge e se tornavam aquela união antiga de homem e fera ele geralmente não falava, mas ele queria conhecer seu oponente. O espírito de Lobo não tinha tomado sua consciência lógica.
-Eu sou uma das mais antigas entidades da água. Eu seduzi todas as espécies de homens, deuses e criaturas para me alimentar da sua alma e da sua carne. Eu vivo na terra, mas meu reino é nas águas e do meu canto ninguém escapa. – Ao falar o monstro aquático voltou a usar o tom de voz que Luigge ouvira Sirena usar no bar.
-Mas não é tão forte quanto diz que é. Não conseguiu me prender no seu encanto o suficiente pra me devorar. –O lobisomem desafiou Sirena com o olhar. Os olhos dele não eram mais atraídos pelos olhos do monstro.
-Isso é o que você pensa...
Sirena começou a entoar algum tipo de som que parecia uma melodia antiga. Aquele som não parecia sair da mesma voz horrenda do monstro que ela se mostrava. Era um som doce e acolhedor.
O lobo sentiu uma pequena fraqueza, mas lutou para conter sua sensação. Na sua forma humana a canção de Sirena era mais poderosa, mas como lobisomem não tinha tanto poder para o paralisar.
O lobisomem saltou para cima de Sirena e com uma das suas mãos a pegou do chão onde estava caída e a levantou.
-Você não pode resistir a mim! Não pode - Berrou a voz disforme do monstro.
Em um movimento rápido a Sirena gravou suas garras no ombro do lobisomem. Ele apertou mais forte o seu pescoço. Os dois estavam dentro de um embate de forças. O sangue escorria pelos ombros do lobisomem que ardia, mas ele se recusava a largar o pescoço de Sirena.
Com uma das garras livres o lobisomem a afundou no abdome de Sirena e sentiu seus órgãos gelatinosos e quentes como uma água viva queimar sua mão e a dor o fez urrar com toda força.
-Não pode me matar sua criatura inferior! Eu sempre volto. Eu sou o espírito amaldiçoado das águas – Berrou Sirena.
Num último golpe de desespero Sirena usou seu canto contra o lobisomem.
Ele por alguns segundos se enfraqueceu e ela com um chute conseguiu o derrubar no chão. Com a velocidade de uma serpente a Sirena correu para fundo do quarto onde havia uma banheira cheia de água. Em um movimento rápido ela se jogou dentro dela.
Sirena havia enchido a banheira um pouco antes de começar a devorar o lobisomem e isso foi seu erro. Pouco tempo foi suficiente para que o corpo dele superasse seu veneno.
Dentro da água fria o corpo da Sirena sofreu uma transformação completa e ela se tornou do torço para baixo uma espécie de cobra marinha com uma cauda longa e escamosa com uma espécie de ferrão de raia na ponta.
Sirenas eram espíritos amaldiçoados que só serviam para causar o mau nas águas diferente das sereias. Muitos humanos culpavam as sereias de matar marinheiros afogados e derrubar barcos, mas na verdade isso tudo era obra das Sirenas. As sereias protegiam os humanos e as águas e não eram devoradoras de homens, mas como as sereias as Sirenas possuíam a beleza como humanas e um encanto mágico nos homens e seres sobrenaturais.
Sirena se ergueu como uma cobra dentro da banheira quase até sua cabeça bater no teto. Quando abria sua boca expelia uma saliva grossa e fétida.
O lobisomem ficou no chão em posição de defesa ao ver o quanto sua rival era forte. Não tinha como enfrentar ela com igualdade de forças justa. Precisava fugir.
Sirena soltou um grito que fez os vidros da janela do quarto se quebrarem e as paredes e o teto racharem.
-Você é meu lobisomem! – Gritou o monstro numa voz estridente.
Em reflexo de sobrevivência o lobo viu a janela e sem pensar correu até ela na esperança de tentar fugir sem pensar nas consequências.
Sirena pulou para fora da banheira e atacou com sua cauda com ferrão venenoso, mas o lobisomem foi mais rápido ao saltar da janela para a noite fria.
Pela segunda vez naquela noite ele mergulhou na escuridão, mas dessa vez a morte poderia ser uma realidade e não existia nada de aconchegante nela. Ele sentiu-se cair e torceu para que aquele não fosse o último andar do prédio de onze andares.
Ele sentiu seu corpo tocar o concreto rígido e os ossos do seu lado esquerdo e da sua perna gritarem antes de partirem.
Quando Luigge abriu os olhos sentiu que aquilo iria matá-lo. Todas as sensações de dor física vieram em uma dose só e bem concentrada. Ele gritou tão alto quanto pode.
-Luigge, que foi? – Disse uma voz feminina suave.
Agindo apenas pelo instinto Luigge uniu todas as suas forças e se jogou na direção daquela voz. Ele não iria ser devorado vivo pela Sirena. Não ia ser comida de nenhum espírito marinho.
-O que esta fazendo?! Ficou louco?!
Luigge sentiu braços poderosos o segurando enquanto tentava se defender e então alguma coisa em sua mente chamou sua atenção. Como ele podia estar lutando com Sirena depois de cair daquele prédio?
Luigge abriu seus olhos e ficou confuso por um minuto antes de olhar para baixo e ver o mais belo par de olhos verdes que já tinha visto.
-Pegou algum tipo de raiva licantrópica ou coisa parecida?! Para com isso que está me machucando.
Era Giovanna que reclamava com ele. Não era nenhuma criatura sobrenatural querendo fazer dele um banquete. Giovanna sua amada namorada humana e sem dúvida não mortal.
-Pesadelos?! – A voz de Giovanna denunciava que acabara de acordar.
-O que aconteceu? – Luigge saiu de cima de Giovanna na cama e deitou do lado dela. As mãos cobrindo o rosto.
-Eu que o digo! Primeiro a gente transa a noite toda e quando consigo uma pausa para dormir você me acorda querendo me matar. Algum tipo de fetiche novo que tenho que conhecer? Tipo o lobisomem mal e a humana de calcinha vermelha? – Giovanna riu
Luigge não conteve o riso. O senso de humor de Giovanna sempre tinha uma hora certa de agir. Ele se sentiu meio patético ao perceber que tinha ficado com medo de um pesadelo como uma garotinha assustada.
-Café? – Luigge falou, enquanto se preparava para levantar da cama.
-Por favor.

Leonardo Ragacini


Nosso jardim

Espalhando sementes pelo chão
Sentindo as gotas de chuva
Em nosso jardim particular
Brincando de balançar com o vento
Correndo através dos bosques
Ninguém pode nos ver
Invisíveis na noite escura
Ninguém vai nos separar
Abraçados e grudados
Sentindo sua respiração
Sobre meu pescoço
Suas mãos em meu corpo
Nada mais importa
O tempo está passando
Mas continuamos nos aproximando
Você é a melhor coisa pra mim
Você é meu grande presente sem laço
Em nosso jardim particular
Caçando as borboletas coloridas
Passarinhos sobrevoam cantando
Rosas sobre nossos pés
Sombras a nossa volta
Nossas bocas não querem se largar
Nossos beijos não param de multiplicar
Correndo para longe de todos
Espalhando sementes pelo chão
Sentindo as gotas de chuva
Em nosso jardim particular
Brincando de balançar com o vento
Correndo através dos bosques
Ninguém pode nos ver
Invisíveis na noite escura
Ninguém vai nos separar.

Leonardo Ragacini


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Eu não sei dizer


Tudo começou como um capricho
Depois foi se tornando amor
em sua arte, forma e gênero
Agora eu estou aqui
Foram tempos de insistir
Tão insuportável era perceber
Que u te amava, mas não tinha
Eu já não sei ficar sem você
Eu me perdi nos seus braços
Meus sentimentos
São como encanto
Quando eu te vejo eu tremo
Todos os medos foram inúteis
Todas as coisas ruins foram poucas
Foram varridas pelo tempo e pelo vento
Agora que nos conhecemos
Não sei como dizer
O tanto que te amo
Eu estou tremendo e sorrindo
Mas é porque eu te amo
Meu coração não sabe ficar
Sem ter você por perto
Agora eu sei
Que nunca estive apaixonado
Antes de ter você
Seus lábios como um interior de uma rosa
Se abrem sobre os meus
Seus olhos me levam para dentro das nuvens
Onde seu corpo me aquece
Eu não sei dizer
Como você me tem
Eu sou como um botão de rosa
E  você é meu belo jardim
Meus espinhos foram afiados
Mas seu cuidado me acolheu
Seus dedos me acariciam
Devagar, meus olhos se fecham
E o mundo é escuro
Porque toda luz está em você.

Leonardo Ragacini

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Caminhar


Quero sentir seus braços
Não me deixe sozinho
Quero tocar seus lábios
Não me deixe sozinho
Com essas músicas depressivas
Contando as estrelas até dormir
Todo o meu ouro sem valor
Todos os meu desejos quentes
Não valem nada sem você
Se não estiver aqui comigo
Vamos fazer esse caminho juntos
Nossa estrada é curta e contada
Nossos passos são curtos
Mas quero continuar
Caminhando com você
Até que não possa mais
Até você soltar as minhas mãos
Até você me largar sozinho de novo
Um dia você achará outra vida
E esse caminho será lembrança
Ás vezes, isso me magoa
Me faz sentir preso
Numa dessas canções de amor
Numa dessas histórias ruins
Quero sentir seus braços
Não me deixe sozinho
Quero tocar seus lábios
Não me deixe sozinho
Com essas músicas depressivas
Vamos fazer esse caminho juntos
Nossa estrada é curta e contada
Nossos passos são curtos
Mas quero continuar
Caminhando com você
Até que não possa mais.

Leonardo Ragacini

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Seu corpo

Quero você por uma noite
Dentro da minha mente
Cruze meus dedos nos seus
Você tem a chave

Pegue minha batida no peito
Faça dela o ar que você respira
Me deixe melodramático
Me faça ser sua massa de modelar

Porque eu amo o seu corpo
Quero me perder em cada parte
Porque eu gosto do seu corpo
Quero sentir ele em cima de mim
Me de o melhor dentro de você

Rápido ou de vagar
Vamos fazer isso pegar fogo
Você e eu nos conhecemos
Nós sabemos como brincar
Nesse Playground pra maiores
Somos os melhores

Essa noite eu vou morder seus lábios
Vou grudar minha pele na sua

Porque eu amo o seu corpo
Quero me perder em cada parte
Porque eu gosto do seu corpo
Quero sentir ele embaixo de mim
Tocas a ponta da minha língua
No céu da sua boca
Te fazer contorcer
Usando os meus dedos
Te fazer ceder sobre meu...

Leonardo Ragacini


domingo, 20 de janeiro de 2013

Não seja o motivo


Eu te dei o melhor de mim
Eu costurei as suas fantasias
Sobre a palma da minha mão
Tomei os seus sonhos sobre meus dedos
E fiz carinho nos fios da sua alma
Mas isso não é suficiente?
Porque você não pode entender
Que toda razão de fazer que faça
É porque eu te amo
(Não me machuque)
Sempre que você crava a faca
Eu sangro de forma profunda
Grito, mas o que dói mais
É ver que você me vê no chão
Mas não me estende a mão
Eu fui há mais alta estrela
Mas esse brilho já passou
Agora eu sou uma estrela cadente
Sem espaço entre as constelações
(Não me machuque)
Onde era para ser sempre
Onde você deveria me ver
Quando deveria me entender
Você está falhando comigo
Mas não consegue ver
Que está me machucando
Essas feridas deixam marcas
Que ficam para sempre
Você quer ser o motivo
Que me faça ser mau?
Você quer ser o motivo
Que me faça ser mau?
Eu também sei brincar com facas
Não seja o motivo.

Leonardo Ragacini

sábado, 19 de janeiro de 2013

Vulneráveis

É com você e um pouco de nós e todo resto é pretexto, pois nós somos e sempre seremos vulneráveis aquilo que trazemos por dentro. Erro, decaídas e tempestade sempre aqui. Não escutamos as palavras e não queremos fazer mau um ao outro, mas no fundo somos vulneráveis a nossos sentimentos que ainda não se acostumaram e brigam entre si.

Leonardo Ragacini


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Um dia (Paraíso de sombras)

Pode parecer uma loucura
Mas eu não ligo
Eu não devia ter fantasias
Eu sei que você é pra mim
Mas não é para sempre
Um dia você vai seguir
E eu fico remoendo
Como eu vou suportar
Fechar os meus olhos
E mergulhar no
Paraíso de sombras
O vazio sem você não terá fim
Mas eu te amo e não vou parar
Como um desbravador selvagem
Eu abro os caminhos para você
Eu deixo você saber o quanto
Está perto da minha loucura
Um dia você vai seguir
E eu fico remoendo
Como eu vou suportar
Fechar os meus olhos
E mergulhar no
Paraíso de sombras
Você é para mim
Mesmo quando não devia
Você me mima como minha mãe
Você me protege como "Deus"
Ninguém precisa saber
O quanto você me toca
O quanto ardemos em chamas
Um dia você vai seguir
E eu fico remoendo
Como eu vou suportar
Fechar os meus olhos
E mergulhar no
Paraíso de sombras
Mas um dia você vai me deixar
E vou ficar como uma velha canção

Leonardo Ragacini


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Eu vou me lembrar pra sempre


 Eu vou te amar pelo seu carinho
Vou brigar pelos seus defeitos
Vou gritar pelo meu gênio
Mas quando tudo passa
É você quem eu quero
Dentro do meu Jeans
Sua pele quente e suada
Junto da minha
Como se sempre fosse antes
Adoro sentir meus dedos nos seus
Sentir seus cabelos sobre o meu rosto
Porque eu vou te amar pra sempre
Não importa o que eu diga
Não importa o que eu faça
Você sabe que posso ser duro
Mas sabe que sou uma criança
Que precisa da sua atenção
Certo e errado, de um jeito só
Me de aquele pedaço seu
Que é feito pra mim
E ame todas as minhas
Partes ruins
Aquelas já amargas
Porque sempre vou lembrar
Do tempo que estamos
Não importa o que sinta
Não importa o que eu siga
Eu vou me lembrar pra sempre
Esses grandes sonhos
Vão me machucar
Quando você tiver que ir
Mas nada como um dia pelo outro
E tudo mais parece tão pequeno
Some diante seus olhos

Leonardo Ragacini

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Oceanos

Quando eu caminho com você
O tempo é um conceito
Que eu não posso entender
Quando estou perdido
Dentro das minhas milhas
Suas mãos me agarram
Dentro da minha alma
Abra seus olhos, olhe pra mim
Você cruza os oceanos dentro de mim
Você me leva para as ondas do além mar
Porque tudo que eu quero está dentro
Do vinco entre seus dedos
Eu amo a sensação de sonhar
Que posso ficar com você
Cruzando oceanos para sempre
Sem nunca dizer adeus
Quero me agarrar nas suas costas
Ficar preso na sua sombra
Porque nunca é suficiente
Nunca vai ser suficiente
Como caçar as nuvens no céu
Como ver desenhos no mesmo
Porque não existe nada melhor
Você me entende por dentro
Completa com seus olhos
A minha visão perfeita
Me protege como só ''Deus'' faria
Sempre está onisciente e onipresente
Na minha mente.

Leonardo Ragacini


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Without u (A suicida)

''Ainda não esquecida sensação''.

A casa ainda possuía o perfume da essência de almíscar.
Do lado de fora o cheiro das rosas no jardim atraia as abelhas e as borboletas. A luz do sol refletia azulada dentro de cada cômodo transmitindo uma sensação gelada e desoladamente deprimida.
Na banheira o corpo de Simone já sem vida boiava dentro da banheira cheia de água gelada. Havia afogado mesmo seu corpo?
Uma sensação de vazio a perseguia. Por fim, ela não sentiu nada. Mais nada. Depois dos segundos do último suspiro.
A alma de Simone estava ao lado da banheira vendo o que ela tinha sido, pelo menos o corpo que era antes de se suicidar. Ela contemplava seus olhos petrificados e sem vida sobre a água. Seus longos cabelos castanhos deslizavam como se flutuando ao redor do seu rosto.
Onde sua alma seria levada agora? Nem ela sabia responder.
Ela esperava que anjos ou mesmo demônios fossem buscá-la quando tudo terminasse e até aquele momento nada havia acontecido. A morte e a visão de si mesma na banheira tinha sido tudo. Mesmo sendo uma alma Simone podia sentir a água fria envolvendo seu corpo moribundo toda vez que olhava para ele. Era como se ainda estivesse lá.
A vida inteira esteve morta por dentro. A opção pela morte nunca a assustara. A asfixia não fora nada surpreendentemente dolorosa para quem sofreu muito mais em vida.
A alma desencarnada de Simone começou a vagar por sua casa olhando cada detalhe. Os poucos porta retratos na sala mostravam cenas de um tempo em que fora feliz, longe da depressão. Esse tempo a muito tinha sido esquecido na nuvem negra que era sua vida.
Seus olhos foram por acaso guiados a sua coleção de CDs românticos que tanto adorava. Cada um mais meloso que o outro. Em vida ela jamais teria admitido esse lado doce e vulnerável. Agora, já que estava morta mesmo, podia sentir orgulho de ser ainda romântica a moda antiga nessa era de bundas e peitos.
Ao tocar um de seus CDs pode perceber com certo susto que podia o segurar em suas mãos e não o transpassava como acontecia nos filmes estilo Ghost. Pegou um dos seus CDs favoritos e o levou ao micro system da sala o colocando na primeira bandeja e apertando o play.
O cd era o seu favorito entre todos os outros. Mariah Carey a rainha dos românticos começava a cantar uma das suas músicas mais emocionantes Without u. Ao começar a ouvir a música Simone sentiu todo o universo de sentimentos que a muito tinha esquecido.
Aliás, desde seu suicídio há uma ou duas horas e meia na banheira tudo a sua volta parecia bem diferente do que era em vida. Tudo era belo e simplesmente radiante. Não existia a pressa desvairada e nem aquele vazio mórbido que a consumia por dentro.
Lentamente ela se sentou em seu sofá onde sentia uma leve brisa refrescante com um cheiro delicioso. Eram as rosas que cultivava no jardim desde que seu pai e sua mãe eram vivos. Eles a ensinaram todos os truques de como deixá-las ainda mais bonitas sem o uso de produtos industrializados. Por que eles não vieram buscá-la para a viagem que deveria ter feito para o outro lado?
Simone estava arrependida de ter feito aquilo. Por que se matar quando podia estar aproveitando tudo o que percebera agora? Depois de morta é que dera valor à vida. Se ao menos tivesse se preocupado menos, e aberto a mão algumas vezes de coisas que podiam ter esperado, talvez nunca tivesse feito aquilo. Veria como era bom ter tudo que tinha.
Enquanto Without u estava quase no fim, ela percebeu como até mesmo esse prazer ela perdera. Quantas vezes deixou de ouvir suas músicas favoritas para não parecer antiquada.
Quanta besteira fizera por causa da opinião alheia.
Poderia ter ouvido aquela música o quanto quisesse em vida até decorar cada parte, porém o que achariam dela bancando a romântica brega no mundo das mulheres cachorras?
Quanta coisa perdera. Pensava ela se torturando por dentro agora. Não aproveitara a mais simples das coisas ao máximo por medo do que as pessoas que nem estariam no seu enterro falariam a seu respeito.
Agora já estava feito e estava morta. Só agora tinha percebido como a vida poderia ser tão mais linda se fosse um pouco mais livre.
As amarras e condenações da sociedade de hoje com seus padrões a tinham deixado depressiva e doente, como muitos outros estariam agora prestes a fazer o mesmo erro que ela se arrependera.

Leonardo Ragacini



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Divida sua vida com a minha

Me tome pelo que sou
Eu nunca irei mudar
Me abrace com seu amor
Eu não pedirei mais
Apenas aquilo que você é
E tudo aquilo que você é
É tudo pra mim
Então divida sua vida
Com a minha
Eu não preciso olhar para mais ninguém
Pois você é tudo que poderia querer
Não posso fugir
Não tem aonde me esconder
Fique em meus braços
Não vá para longe de mim
Eu não tenho nada
Se eu não tenho você
Você vê através
Direto em meu coração
Você derruba meus muros
Só seu sorriso lindo
Eu nunca conheci o que é amor
Como eu conheci com você
Eu nunca conheci mais prazer
Como eu conheci no seu toque
Não vá para longe de mim
Eu não tenho nada
Se eu não tenho você
Porque você tem tudo de mim
Fique em meus braços
Eu não tenho nada,
Se eu não tenho você
Então divida sua vida
Com a minha.

Leonardo Ragacini 


domingo, 13 de janeiro de 2013

O amor é simples

O amor espera e arrebata como o vento
Destrói e reconstrói como o fogo
Corroí como um ácido ciumento
É todo um céu de anjos nos seus olhos
Num caminho rios de lava na distância
Você me ensinou que o amor é simples
E pode ser encontrado num beijo
Você me ensinou que o amor é simples
E por isso somos Companheiros
Mais que qualquer Amantes
E melhor que Amigos
Aquilo que é mais importante
Nós temos aqui por dentro
E ninguém pode ver o quanto
Sua felicidade se divide a minha
Como um pedaço doce de sonho
Quero que tudo se dane
Por que o amor é uma coisa simples
Que você me demonstrou
Pegando na minha mão
Beijando a ponta
Dos meus dedos
Alisando os meus cabelos
Nada é mais certo
Do que te dizer
Que depois - e depois - e depois
De todos os outros dias
Eu te amo de verdade
Da forma mais simples.

Leonardo Ragacini


sábado, 12 de janeiro de 2013

Conhecer



Você pode não acreditar nas minhas palavras, mas pode ver dentro dos meus olhos... No mais fundo deles. Eu sei que me conhece e veria se eu mentisse em um piscar de olhos. Eu te amo e não são só palavras.

Leonardo Ragacini

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Acima de tudo

Obrigado por me chatear, obrigado por me mostrar o quanto sou idiota nos relacionamentos, obrigado por me deixar triste, obrigado por mostrar como eu sou um idealizador sonhador imbecil, obrigado, muito obrigado por me deixar sozinho, obrigado por sempre ter uma desculpa. Acima de tudo obrigado por me mostrar isso mais de uma vez. Obrigado.

Leonardo Ragacini


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A diferença


A diferença entre eu e você é quase elementar. Eu sempre quero mais e não aceito, no fundo, receber menos do que isso. Sem negociação. Você não se apega aos detalhes e tem seu jeito próprio de fazer as coisas. A vida não é legal com ninguém e isso é evidente e isso é parte da diferença entre eu e você. Como está? Muito bem e você? Para o bem, para o nosso mau e para todo o resto estamos juntos agora e isso é tão claro. Isso é tão diferente, mas não parece um erro. Me aperte forte e escute o que digo só quando for de verdade e não aquilo que se passa em uma hora. Eu e você somos feitos de formas diferentes, mas ainda se me perguntar o modo como seu sorriso me afeta e me faz bem é exatamente igual. É como se toda raiva se apagasse. E a diferença é a coisa mais bela entre nós e também o que mais nos magoa.

Leonardo Ragacini

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Argumentos

Ser bom com palavras não faz você sempre ter razão. Ganhar um debate não te faz especialista em argumentação. Ser capaz de ver os dois lados sim.

Leonardo Ragacini


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Acordado ou em sonho

Eu sinto a sua falta
Pétalas de flor em tormenta
Ando pelas ruas não te encontro
Não sei se você sabe
Aquilo que tenho em minha cabeça
Mas é como um incêndio
Esse sentimento me consome
Acordado ou em sonho
Fico parado e pensando na falta
Da sua companhia
Me perguntando se você
Sabe que estou pensando em você
Porque você é tão especial
Como uma luz quente
Um sorriso acolhedor
Uma alegria de uma surpresa
Seu amor que sempre me mima
Me torna tão dependente
Da esperança dos seus abraços
Do afeto das suas mãos
Tão especial.

Leonardo Ragacini

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Seus olhos brilham como diamantes

Sua pele me veste como lã
O seu sorriso me enche por dentro
Me faz sentir nas nuvens
O brilho dos seus dentes
Me deixa em êxtase
Seus olhos brilham como diamantes
Seu coração quente como o sol
Você é um estudo de cores
Uma paleta de opções
Você consegue ver em mim
Cada pequena parte que sou
Cada fragmento das minhas peças
Você completa as lacunas que me faltam
Seus olhos brilham como diamantes
Seu coração quente como o sol
Me levando sobre um céu de prazer
Uma mordida no fruto das ambições
Uma corrente intensa de energia
Tirando as minhas roupas
Seus olhos brilham como diamantes
Seu coração quente como o sol
Deitado nu sobre seus lençóis
Seus olhos brilham como diamantes
Seu coração quente como o sol
Seus beijos, seus toques, seu cheiro
Estou perdido no espaço
Uma linda visão do paraíso
Você entra no jogo pra vencer
Brinca com minhas fantasias
Faz uma linha imaginária
Me leva ao prazer
Invade as fronteiras
Das minhas vontades.

Leonardo Ragacini


domingo, 6 de janeiro de 2013

Talvez eu tenha motivos

 
Como você pode me cobrar
Quando você tem contas a pagar?
Como pode querer tirar
Todas as suas culpas
E as jogar em mim?
Eu sei exatamente quem é você
E não vou voltar pra mentira
Olhe para trás
Não preciso de razões
Elas são tão emocionais
Que chegam a me enjoar
Então não se faça de inocente
Como ''judas sem moedas''
Seu jogo de duas caras
Pesos e medidas trocados
Podem funcionar com eles
Mas meus olhos nunca foram cegos
Eu nunca joguei as cegas
Se você por as cartas na mesa
Talvez eu tenha motivos
Para continuar falando
Eu sei exatamente quem é você
E não vou voltar pra mentira
Olhe de volta e para trás
Não preciso de razões
Elas são tão emocionais
Que chegam a me enjoar
Então não se faça de inocente
Como ''judas sem moedas''
Não! Eu não sou seu brinquedo
Nem um pedaço de você
Eu não tenho mais que meia
Dúzia de genes ruins
Algumas lembranças
E uma cartela de verdades
Você não pode me enganar
Seu teatro não me toca
Suas palavras são geladas
Eu não sou seu!
Eu não sou uma coisa que pode modelar
Nem mesmo uma forma de aliviar
Esse mundo de fantasias
Não! De jeito nenhum!
Eu me recuso a me curvar
Cavando no concreto
Pode sentir seus olhos se Quebrando?
Você pode sentir isso Agora?
Você não pode me Enganar
Não se faça de Inocente
Como ''judas sem moedas''
Seu jogo de duas caras
Não funciona em mim

Leonardo Ragacini

sábado, 5 de janeiro de 2013

F**** Você

Eu quero pressionar meus dentes
Contra seus lábios
Você me deixa doido pra tomar
O que suas roupas escondem
Me queima em fogo brando
Até o terceiro grau
Você quer meu corpo? Como vai ser?
Vamos jogar do seu jeito
Dos dois lados
Você cuida de mim
E eu dou prazer
Porque eu estou doido
Pra comer você
Quero sentir essa explosão
Prenda suas mãos na minha carne
Pegue essa sensação
Me faça implorar que continue
Você me despertou novos desejos
E agora não pode fugir do preço
Você me trouxe para novos desafios
Agora tem que domar meus instintos
Eu sou uma provocação na sua pele macia
Eu sou uma imagem excitante na sua mente
Eu sou aquele líquido quente dentro de você
Se você me provocar, vamos pela noite
Se você me levar só tem a ganhar
Porque eu estou doido
Pra foder você
Quero sentir essa explosão
Prenda suas mãos na minha carne
Pegue essa sensação
Me faça implorar que continue

Leonardo Ragacini


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Bolhas


Deitados sobre os lençóis macios
Sentindo os sons da noite
Eu tenho você e você me tem
Nós viemos de lugares distantes
Mas agora estamos aqui
Você me beija eu viajo
Você é meu brinquedo de carne e osso
Você é meu presente em laço
Sobre as bolhas de sabão
Sinto sua pele na minha
Sobre as bolhas de sabão
Sinto sua boca na minha
Você e eu e nada mais
Sem brigas nem ciúmes
Sem jogos nem perdas
Nós não falamos
Nossos olhos
Se comunicam
Nossas almas
Se entendem
Quando estou deitado ao seu lado
Eu não temo nada
Porque é você e eu
Meus dedos nas linhas do seu rosto
Seus cabelos sobre meu nariz
Só você e eu e as bolhas ao redor
Só você e eu e as bolhas ao redor

Leonardo Ragacini

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Perto de mim

Às vezes só quero beijar quem eu amo longe de tudo e todos
Longe de um dia ruim, longe dos meus chefes, longe dos meus amigos,
Longe dos colegas, longe de risos forçados, longe das horas
Às vezes só quero amar quem eu amo longe de tudo e todos
Longe de todos os olhares, longe da correria, longe da família
Longe de qualquer julgamento, longe da gravidade, longe muito longe
Sentindo suas mãos perto de mim e seus olhos em mim, não ao redor
Às vezes só quero comemorar uma data especial longe de tudo e todos
Mas só às vezes eu consigo ter meu amor perto de mim.

Leonardo Ragacini


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Receber

Quando eu acordo de manhã eu sinto o seu perfume
Quando eu viro para o lado vejo os seus olhos
Me olhando como se o céu fosse um sonho
Me desejando como se fosse um Deus em adoração
E tudo que quero é receber todo o amor
Que vejo nos seus olhos
E tudo que quero é retribuir todo o amor
Que sinto no meu coração
Nas pequenas ou grandes feridas
Mesmo que tudo seja cinzas
Você me ergue nas suas mãos
Como uma flor murcha e sem vida
Você me faz brotar para melhor
Nós já fomos frutos de árvores diferentes
E hoje aprendemos a viver no mesmo ramo
Nós já fomos duas pessoas indiferentes
Hoje somos parte dos mesmos desejos
Você me ensinou a receber amor
Você me mostrou como se feliz sem medo
Mesmo que as tempestades me devastem por dentro
Você vira entre o canto dos pássaros
Que nunca dormem
Você agora é tudo para mim
Você é tudo que quero receber
Você agora é tudo para mim
Você é tudo que quero ter.

Leonardo Ragacini


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Algumas pessoas

Algumas pessoas esperam uma vida para sentir o que sentimos e algumas dariam tudo que tem agora para se sentir como você e eu. Nós sabemos o quanto isso é especial em seus defeitos, mas isso não importa. Porque nós não somos algumas pessoas e tudo que precisamos é um do outro.

Leonardo Ragacini