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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Miguel - O Justiceiro

E da luz ele se fez.
O cheiro de carniça impregnada no local era intenso e causava fortes enjoos, a rua estava deserta e completamente imunda, pedaços de papelão estavam jogados por todas as partes, o corpanzil ereto, de cabelos aloirados que iam até o final dos ombros e o grande sobretudo negro se destacavam em meio àqueles destroços.
Não via tanto horror junto há muito tempo, as esferas superiores nunca mostravam realmente o que se passava, poderia causar revolta aos de bom coração e com certeza não era essa a vontade do Grande Mestre, mas era por isso que ele estava ali, não iria mais admitir que fosse manipulado daquela forma grotesca e irracional, se eles eram tão bons como diziam ser, que enfrentassem seus medos e fizessem o correto.
Iria ser rebaixado pela eternidade e tinha consciência disso, mas não se permitiria mais ser conivente com tal destruição.
''Eles não têm mais solução Miguel, simplesmente esqueça!''
Não, ele jamais esqueceria, não era um covarde como seu irmão Gabriel, não iria se sujeitar as vontades de um ser que não sabia o motivo da própria existência e por mais que ele mesmo não tivesse as respostas, não iria ficar parado, o mínimo que podia fazer era procurá-las com afinco.
Começou a andar a passos largos, o som de seu coturno batendo no asfalto se fazia firme, qualquer pessoa que passasse pelo local naquele instante diria que a visão era magnífica demais para ser real.
Mas os olhos azuis de Miguel nada viam, estava tudo muito quieto para o seu gosto, quieto até demais.
Parou por um instante, pensando por onde deveria começar, quando sentiu de repente uma presença as suas costas.
Não precisava se virar para saber que ele estava bem ali, encarando-o com o típico sorriso sarcástico.
-Lúcifer!
O corpo se virou e encarou o ser que o analisava, os cabelos negros e lisos que iam até o fim das costas, os olhos avermelhados e a pele extremamente alva mostravam o porte de um homem na faixa de seus trinta anos.
-Ora, ora, ora, vejam quem resolveu afrontar o Grande Mestre! Bem vindo ao grupo.
A voz debochante do homem era irritante.
-Não faço parte do SEU grupo, jamais farei!
Miguel empunhava a espada que estava dependurada em sua bainha, erguendo-a no alto.
-Calma irmão... Calma! - Lúcifer erguia as duas mãos levemente, os olhos brilhavam atenciosos. -por que toda essa raiva nesse coraçãozinho tão puro? Você faz parte deste grupo tanto quanto eu...
De repente o ser não estava mais na frente de Miguel, um vento forte passou por ele e Lúcifer se encontrava às suas costas.
-Mas isso não significa que isso seja algo ruim... Você só aprendeu a deixar de ser trouxa!
Ele sussurrava no ouvido de Miguel que se virou furioso, a espada indo de encontro onde antes estava o endiabrado Lúcifer, que se desfez no ar e voltou a reaparecer do outro lado da rua.
-Não ouse se comparar a mim, seu porco imundo!
Miguel vociferava irritado, de repente tudo se aquietou, Lúcifer já não se encontrava mais presente, apenas uma gargalhada ao fundo se distanciava aos poucos, fazendo qualquer ser humano normal arrepiar todos os pelos presentes no corpo.
Miguel estava enfurecido, guardou a espada na bainha com raiva e voltou-se para o caminho que estava percorrendo, a luta seria grande, mas ele não estava nem um pouco disposto a desistir!

Jéssica Curto


2 comentários:

  1. Oi Jéssica!
    Adorei o conto, você escreve muito bem!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  2. Oi Sora,

    fico muito feliz que tenha gostado do conto!!! =D
    Obrigada pelo elogio, tento sempre dar o meu melhor!! ^_^

    Beijos!!

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