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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Soneto do Boi

O boi, tristinho, saiu pra pastar

No capim pisou e pro céu olhou:

“Como é que eu vim parar nesse lugar’’?

- O boi, cansado, então se questionou.

“ O pasto é grande de não se ver fim,

As vaquinhas estão longe de mim...

E ninguém sabe se sou gente boa,

Todo boi aqui é qualquer pessoa.

Volto, um dia, aonde me senti bem!”

E é certo, ora bois! Pois se um boi faz um rima,

É esperto e da terra a saudade prima,

Enquanto a fome cruel não o encerra

No incerto nome açougue-céu, também

Da sua carne há de viver por cima.

Rafael Cardoso

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