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sábado, 19 de março de 2011

A Vingança

-Vamos fechar os olhos por alguns minutos, esvaziar a mente, elevar os pensamentos...
A voz dizia em um tom calmo e baixo, tudo escuro, com apenas algumas velas acessas, mostrando a sombra das pessoas ali no local.
Ela não conseguia fechar os olhos, não conseguia se concentrar tinha a sensação de que quando o fizesse as pessoas iriam ficar observando-a e isso lhe causaria muita vergonha, mas por respeito ela abaixou a cabeça e fingiu estar entrando no tal relaxamento.
A música ao fundo dando um ar de paz ao local, todos estavam silenciosos com seus pensamentos.
De repente um barulho e um homem ao chão. Ela ergueu a cabeça, mas percebeu que todos se mantinham concentrados, como se estivessem em um sonho longo e de muita paz e tranquilidade.
Percebeu que o homem que falava há pouco agora estava agachado, encarando-a com um olhar fulminante e aquilo congelou sua espinha.
Ela engoliu em seco e tentou entender o que se passava, não entendia o porquê daquilo.
-Você!! Você é a grande culpada!!
Uma voz esganiçada saia da boca daquele senhor com aparência tão debilitada. Um rosto de ira estava presente, apesar dela já ter observado-o diversas vezes e nunca ter notado nada semelhante.
-Você vai pagar! O fogo do inferno te aguarda!!
Ela estava cada vez mais assustada, as lembranças vinham em sua memória como foguete.
-Você vai pagar! Você vai pagar! Nada vai esconder o que você me provocou!!
Ele se mantinha agachado, mas uma das mãos batia no próprio peito na região do coração, com certa força.
-Você vai pagar! Vai morrer sofrendo, sua pecadora desgraçada!!
De repente uma forte luz branca surgiu e clareou todo o local, asas douradas balançavam freneticamente e um forte vento batia em seu cabelo, lhe atrapalhando a visão do que estava ocorrendo.
De repente ela abriu os olhos, tinha acabado de psicografar algo que não imaginava para quem era nem o porquê e nem o que, só sabia que era para uma tal de Alessandra Nabaka. Os olhos medrosos procuraram a moça no público, ao citar seu nome, e então encontrou uma mulher de longos cabelos loiros e olhos negros e grandes, de um rosto duro.
As mãos tremulas lhe entregaram a carta, a curiosidade não existia ali, pois a certeza de que algo não prestava já estava fixo em sua mente.
Se virou para continuar seu trabalho, muitos ainda esperavam, mas não para Alessandra, essa de muito bom grado se retirou e foi ler o que estava escrito.
Saiu do local, indo em direção a rua, leria dentro do seu carro, com mais calma, estava ansiosa para aquilo.
Adentrou o veículo, abriu o envelope e leu, leu como se fosse algo normal, leu como quem já espera pelo fim.
Um caminhão no qual possuía um motorista supostamente bêbado ao volante veio em direção a seu carro, fazendo-o capotar e pegar fogo.

§§§

-A esposa do detetive Percy falecido devido um ataque cardíaco há um mês atrás foi encontrada morta devido um acidente de carro, o dono do caminhão saiu ileso ao acidente, os policiais não sabem explicar o motivo do ocorrido, já que não encontraram resquícios de bebida no motorista e nenhum problema com o veículo. Um triste fim realmente.
A jornalista relatava o ocorrido, sem perceber um vulto estranhamento escuro metros atrás de si.

J.H.C


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