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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tempestade em copo d água? Resolva com um pinguinho de gente!

O garoto partiu. Percebi o seu estranhamento com a situação, me pareceu que eu voltava no tempo, olhando dentro de mim... Não é exa-tamente sua ausência que me dói. É que, para um garoto de sete anos, despedida é novidade, coisa perturbadora existente somente nos filmes.
Aqui, ele deleitou conosco a maravilhosa sensação de ser e ser ob-servado. Sua espontaneidade trouxe risos há muito ausentes nesta casa. Trouxe também, como já disse, lembranças da minha infância querida. Pois o menino foi fortemente influenciado, por exemplo, a torcer pelo nosso time. Jogamos bola e por alguns momentos pensei ter sete anos, enquanto ele dizia ser o Neymar. Hoje vejo a maestria do meu pai em convencer as pessoas, pelo menos no que se refere a futebol.
Durante certo tempo estive preocupado com a falta de alguns a-migos no meu cotidiano. Neste ano, em que o tédio e a solidão se unem para reinar no meu mundo, veio visitar-me um rapazinho desdentado. E na hora certa veio preencher o vazio que eu, moço mimado, criei. Pois mesmo acostumado a despedidas, sofri ao pensar que estaria só. Até que a criança doce e, infelizmente, solitária surgisse diretamente da ca-pital do país dando-me uma lição de vida. Aprendi, inclusive, que há pessoas boas no Distrito Federal. Do jeito que é esperto e segue os nossos conselhos, não duvido que nos próximos anos ele tome meu lu-gar nesse blog.
Nasceu aqui e rodou o Brasil. Pretendia ficar dessa vez, mas a mãe não arranjou emprego e tiveram que voltar. Partiram às 02h50min da tarde, horário de Brasília, voltando a ela num ônibus às 4h. Mas não há hora nem lugar específico para sentir saudade das pessoas especiais, aquelas guardadas com muito carinho em nossa memória.

Rafael Cardoso

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