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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Correspondência

E ele me acolheu do campo de batalha. Me deu abrigo, alimento e seu coração. Agora me via vestida, com minha barriga doendo de tanto comer e minhas feridas cicatrizavam rapidamente. Eu estaria bem, se ele não fosse um inimigo. Eu me sentia presa numa casa muito confortável e com algemas de algodão. Tudo estava confortavelmente bem... Bem até demais. Eu sentia uma dor prazerosa. Eu queria ficar e sair. Eu queria corresponder e queria ir embora. Eu estava ficando totalmente confusa. Saímos do preto, passamos pelo branco e ficamos no cinza. Eu estava a ponto de enlouquecer.
E naquela noite eu sabia que ele viria, assim como vinha todas as noites. Ele olhava para mim e arriscava caricias, mas nunca me forçou a nada. Seus olhos brilhavam quando ele me olhava. Eu era cobiçada por ele, cobiçada pelo inimigo-amigo. Isso me deixava mais confusa, pois os sentimentos de gratidão e traição se misturavam e formavam uma teia que amarrava minhas mãos, amarrava minha boca, amarrava minha cabeça. E novamente eu queria sair e ficar.
Mas nessa noite minha decisão foi feita. Eu o derrubei na cama e dei-lhe um doce beijo em sua boca carnuda. Depois, ergui meu corpo e deixei cair a lança que estava em minhas mãos rumo a seu peito.
— Desculpe, mas o sentimento não foi recíproco.


Lucas de Figueiredo

2 comentários:

  1. LOL, alguem acabou morto ô.o
    o Legal eh ver q por mais q seja decisivo, ela optou por usar o maior defeito do cara contra ele mesmo, ai jah era neh, eh caixão mesmo
    Otimo texto cara, parabens


    Alex

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  2. hauahauhauahuahauha nossa, morto não, que exagero! XD ela só despedaçou o coração dele =P

    Beijos

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