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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Resposta Ao Convite

São Paulo, 18 de dezembro de 1981

Olá meu querido, tudo bem?
Estou escrevendo porque necessito lhe informar que não irei ao baile este ano. O motivo é... Bem... Acho que é tempo de lhe confessar algumas coisas.
Eu sempre fui apaixonada por você, desde o princípio.
No momento em que ouvi um “Olá” por tua boca – e que boca – no início das aulas, comecei a sentir algo especial por sua pessoa. Eu me aproximei em ordem de fazer você corresponder o sentimento, mas isso revelou-se impossível logo na primeira semana.
Com o passar do tempo, meu sonho afastava-se da realidade e, ao mesmo tempo, sua amizade fortalecia. Eu podia sentir isso ao ver sua confiança em mim e isso era estranho, pois me deixava feliz e triste ao mesmo tempo. Eu sempre quis ao menos sua amizade, mas isso se tornou insuficiente para silenciar meu coração que batia desesperadamente por ti.
Então, meu coração não resistiu ao golpe que recebera. Em meados de setembro deste ano, sua confissão de amor por Giselda me botou num profundo desespero e, nesse desespero prometi que não lhe dirigiria a palavra, mas essa promessa já estava quebrada na semana seguinte. Meu amor por você atraia meus ouvidos de encontro a sua doce voz e de minha boca saíram as mais instintivas desculpas, que chegaram em suas orelhas e envolveram sua mente que, mesmo com o choque da possibilidade de perder nossa amizade – que não era qualquer amizade – foi compreensiva e aceitou minhas desculpas sem muitas perguntas. E isto só ajudou a aumentar a fascinação que tinha por toda e qualquer parte de seu ser.
Atualmente o sentimento ainda perdura em meu coração e hoje faz companhia à amarga saudade e à ferrenha esperança não-morta, apagando qualquer resquício de coragem para vê-lo novamente. Contudo, não pedirei desculpas pelas minhas atitudes nesta carta, pois acredito que o que sinto justifica – e perdoa – todas as minhas ações. Afinal, sou uma simples garota, presa num simples mundo de sonhos e que simplesmente encontra-se dolorosamente apaixonada por alguém que nutre um sentimento de amizade, sendo que este, embora valioso, é insuficiente perante a grandeza do amor guardado em meu singelo coração.

Gostaria que você se divertisse no baile, mesmo com minha ausência.
Sayonara,
Gabrielle Oslo.

Lucas de Figueiredo

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