Páginas

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O marketing e a política

Em Atenas, na Grécia Antiga, todo cidadão tinha o direito de participar pessoalmente da vida política da cidade. Porém nem todos eram considerados como um. Somente os homens com mais de trinta anos de idade tinham esse privilégio. Hoje temos no Brasil uma democracia ampla, onde todo brasileiro ou estrangeiro naturalizado é cidadão perante a lei. Mas a população cresceu tanto que não é mais possível reuní-la num só lugar para defender os seus direitos e apresentar soluções aos seus problemas. Por isso elegemos representantes para as decisões da nossa sociedade.

Infelizmente, quase sempre os conhecemos apenas pela televisão. Tudo o que ouvimos deles não é espontâneo, pois foi minuciosamente planejado por publicitários. Ajudar o candidato a expor suas idéias de maneira atrativa é absolutamente normal. O problema é quando esses profissionais criam eles mesmos essas idéias e/ou manipulam dados conforme a conveniência. Um exemplo: às vésperas das eleições, candidatos desesperados deixam projetos simples e viáveis de lado para dar lugar a promessas mirabolantes, como se o pleito não passasse de um leilão onde quem dá mais, leva. Mas será possível cumprir tais promessas? Quantas vezes já não vimos esse filme antes...

O marketing é um aliado essencial dos candidatos. É ele quem costuma decidir o que será dito (ou não) ao público. Em 2008, muitos candidatos a prefeito estavam em terceiro lugar nas pesquisas três meses antes da eleição e, no entanto, venceram o primeiro turno. Suas campanhas foram sensacionais. Com bastante tempo na TV e no rádio, redigiram excelentes discursos que exibiram ao eleitor a história de seus políticos, dando-lhes personalidade diante do povo. Antes desconhecidos, acabaram se tornando os preferidos do grande público.

Fica evidente que o tempo disponível para propaganda nos meios de comunicação é um fator importante para a vitória. Não é à toa que partidos com diferentes ideologias esquecem suas divergências e se unem; pois quanto maior a coligação, mais tempo conseguem para mostrar suas propostas. O resultado dessa irresponsabilidade muitas vezes é a formação de governos “rachados”, que têm dificuldade para desenvolver seus projetos.

Projetos. Durante um mandato a população geralmente desconhece o que está sendo ou deixa de ser feito. Chegam as eleições e tudo aparece: escolas novas, hospitais sem filas, idéias que deram certo. O eleitor, se não tomou cuidado fez conclusões equivocadas, porque a análise de quatro anos de governo não se faz em dois meses, pois a propaganda eleitoral não tem imparcialidade. Quanto aos novos candidatos, é necessário pesquisar, entre outras coisas, o passado deles e o porquê estão entrando para a política agora. Fazer isso é bem mais fácil atualmente do que há tempos atrás, graças à internet.

Cabe a nós decidir o futuro. Quanto ao presente, podemos decidir entre dois: o que de fato existe e aquele que aparece na propaganda. Com senso crítico e responsabilidade, a população entenderá a importância do voto e saberá discernir -quase sempre - a verdade da mentira. É claro que por mais bem-intencionados que estejamos poderemos nos enganar algumas vezes. Mas somente desse modo, tentando separar “o joio, do trigo” haverá mais respeito à inteligência do eleitor por parte dos candidatos e seus respectivos “marqueteiros”.


Rafael Cardoso


Um senhor pensativo, uma pessoa além da idade, com uma sabedoria inacreditável.


Obrigada Rafael, por me proporcionar mais esta.


J.H.C

2 comentários:

  1. E triste mesmo nao saber em que se esta votando. So conhecemos essas figuras totalmente falsas que sao criadas pelo pessoal das relacoes publicas. E depois ficamos a merce desse pessoal que nem conhecemos praticamente a ideologia.
    Isso mesmo, incentiva o pessoal a pesquisar o candidato e votar como se realmente se importassem, porque se eliminarmos os podres, podemos levar o Brazil para um outro nivel! Otimo post Jazz.

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigada Higor, mas agradeça mesmo ao dono do post, o grande sábio senhor Rafael Cardoso. rsrs

    ResponderExcluir